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Acervo RR
No crepúsculo de sua gestão, o presidente da Sabesp, o ex-Cade Gesner de Oliveira, quer deixar sua marca na companhia. A menos de três meses de sua iminente saída do cargo, o executivo está debruçado sobre um projeto que prevê a primeira grande associação entre uma empresa estatal de saneamento e investidores privados desde a mal-fadada operação protagonizada por Sanepar, Vivendi, Andrade Gutierrez e Opportunity. A Sabesp negocia um acordo com a OHL para a compra de concessões em São Paulo e em outros estados. A operação será feita por meio da montagem de Sociedades de Propósito Específico (SPE) para a gestão de cada ativo. As SPEs ficarão penduradas em uma holding, no que promete ser a primeira PPP realmente de peso já fechada no setor. O grupo espanhol vai desaguar no negócio por meio da subsidiária TGM, seu braço para o setor de saneamento. Os investimentos da dupla devem chegar a R$ 2 bilhões. A Sabesp já tem na mira uma lista com aproximadamente 30 concessões em municípios do interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Destas, seis negociações estão encaminhadas, uma delas com a prefeitura de Mogi Mirim (SP). Pelo menos 15 concessões municipais nos três estados deverão ser licitadas no próximo ano. A OHL deverá ser majoritária da holding, uma forma de compensar as restrições de financiamento da Sabesp. A expectativa dos espanhóis e da direção da estatal é que esta nova empresa seja candidata natural não apenas a pescaria de concessões de pequeno e médio porte, mas também a aquisição de empresas estaduais. Dois nomes insistentemente repetidos nas negociações são o da baiana Embasa e da cearense Cagece. Este modelo permitirá a Sabesp driblar suas limitações para a captação de recursos em Bolsa. A participação do estado está no limite do limite do controle ? 50,2% do capital ? o que inibe a emissão de ações. Os planos de privatização, por sua vez, nunca avançaram. O candidato ao governo de São Paulo Geraldo Alckmin, favorito nas pesquisas, já levantou a possibilidade de estatizar a empresa, mas não o fez com muito entusiasmo. É de se imaginar que a OHL não iria mergulhar em uma operação desta envergadura se não tivesse algum sinal do atual governo do também tucano Alberto Goldman de que tudo ficará como está em caso de vitória de Alckmin.
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