AES e Endesa entram na briga pela Geração Paranapanema

  • 8/04/2013
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As negociações para a venda da Geração Paranapanema viraram de pontacabeça nos últimos dias. Principal candidata ao negócio – ver RR edição nº 4.514 -, a GDF Suez está ficando pelo caminho. Segundo o RR apurou, o grupo franco-belga teria se comprometido a apresentar uma oferta até meados de março, o que não ocorreu. A Duke Energy, dona da geradora paulista, não perdeu tempo. Há cerca de duas semanas, abriu conversações com AES e Endesa. A Duke detém praticamente a totalidade das ações da Paranapanema ? o free float da empresa não passa dos 6%. De acordo com fontes próximas aos norte-americanos, quem chegar com cerca de R$ 3 bilhões leva o embrulho, com oito usinas hidrelétricas e capacidade total de 2,2MW. Esta cifra representaria um prêmio de controle de aproximadamente 40% sobre o atual valor de mercado da companhia. Procurada, a Duke Energy disse “desconhecer a informação”. AES e GDF Suez não quiseram se pronunciar. Já a Endesa negou o interesse na Geração Paranapanema. Ressalte-se que, em outros tempos, este ágio poderia ser mais farto. No entanto, como a maioria de suas congêneres, a empresa paulista não escapou dos efeitos da nova política tarifária imposta pelo governo. Desde setembro do ano passado, as ações caíram cerca de 10%. Ou seja: a rigor, diante das circunstâncias, este nem seria o momento mais apropriado para a Duke Energy se desfazer da Geração Paranapanema. No entanto, há tempos os norte-americanos estão insatisfeitos com a arritmia regulatória do setor elétrico brasileiro. Além disso, o grupo está revendo sua operação na América Latina. Os recursos amealhados com a venda da companhia paulista deverão ser realocados no Chile, onde, recentemente, a Duke pagou US$ 415 milhões pela geradora CGE Group. Na ocasião, não por coincidência, seus executivos teceram loas a  “estabilidade regulatória” do Chile. A venda da Geração Paranapanema poderá ter forte impacto sobre o tabuleiro do setor de geração. O que está em jogo é a segunda colocação no ranking dos grupos privados. Se levar, a AES chega a uma capacidade instalada de cinco mil megawatts, praticamente o dobro da Endesa. Nada mal para um grupo que há tempos convive com a pecha de que está deixando o Brasil. Os espanhóis, por sua vez, contam com a Geração Paranapanema justamente para tirar o lugar da AES. E a GDF Suez? Bem, se o conglomerado franco-belga sair da caverna, voltar ao páreo e levar a empresa paulista, então todos estes números serão eletrocutados. O grupo dispararia na liderança do setor com mais de 8,5 mil MW.

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