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O dia em que Eliezer Batista reinventou a universidade

  • 1/04/2013
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O que Eliezer Batista ainda não pensou sobre o Brasil? O ex-presidente da Vale foi pioneiro na concepção da logística door to door, no projeto visionário de informatização do ensino, no conceito de desenvolvimento sustentável e no seu aperfeiçoamento para gestão integrada do território. Para quem pensa que esta já é uma obra completa, um aviso: Eliezer está redigindo mais um clássico do pensamento estruturante do país. O alvo, agora, é um modelo de formação universitária prêt-a -porter para as empresas, que permita o suprimento da demanda por mão de obra com ensino superior qualificada, conforme os padrões do primeiro mundo. Hoje, sob a ditadura de concursos genéricos e concurseiros cartelizantes, as estatais absorvem os funcionários capazes de fazer quase tudo, menos atender a s necessidades específicas das empresas em suas áreas técnicas. Há muito coringa e pouco ás. O mesmo problema adaptado a s circunstâncias próprias atinge o setor privado. Uma síntese do que causa insônia em Eliezer Batista é que o Brasil tem um déficit de três mil engenheiros. Para ele, não há nada de mais na atração de mão-de-obra qualificada do exterior. O que torna essa iniciativa dramática não é a importação de capital humano per si, mas o fato de ela se dar em um ambiente de deficiência numérica tão alarmante. Grande parte das universidades americanas foi criada com objetivos específicos. Eliezer cita Stanford como um case obrigatório. E no Brasil de USP, PUC, Unicamp, como seria? O exministro vislumbra faculdades das grandes corporações, com exigências e cadeiras sob medida para a sua conveniência. Imagine só a falta que faz uma Universidade Petrobras, uma Embraer, uma Totvs… Vale o mesmo raciocínio para empresas privadas nacionais e estrangeiras. No caso dos grupos internacionais, seria possível, inclusive, fazer convênios com o apoio dos respectivos governos. Eliezer mira imediatamente o Japão e a Coreia do Sul. Ele tem se correspondido com o viceprimeiro- ministro japonês, Taro Aso, em quem enxerga um admirável aliado para levar a ideia adiante em um futuro que se desenha. Antes que alguém pense no modelo como um processo de higienização das universidades do país, é bom ficar claro que o ex-ministro defende a abundância quando se trata de instituições de ensino. Mesmo fazendo reparos ao amontoado de algumas faculdades cujo objetivo é muito mais criar massa crítica para vender seu peixe no mercado de capitais do que formar profissionais com a expertise exata para as suas funções. A diferença é que Eliezer pretende amalgamar a cultura de resultados e de eficiência da gestão empresarial com a excelência direcionada da academia. Alguns centros de pesquisa que primam pela inovação e desenvolvimento tecnológico, entre os quais a Embrapa, poderiam também ter a sua própria universidade, multipatrocinada por empresas interessadas na captação dessa mão de obra hiperqualificada. O governo, com certeza, participaria desse esforço por meio de linhas de financiamento dirigidas. Em um cenário de formação profissional superior talhada por joalheiros, a importação de mão de obra, hoje tema controverso, teria um efeito simbólico muito menos impactante. E, aí sim,que vengan los gringos, com toda su fuerza!

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