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Acervo RR
O BNDES e a Petrobras são protagonistas de um enredo que tem tudo para despertar a ira da indústria sucroalcooleira nacional. A indiana Shree Renuka, uma das cinco maiores fabricantes de açúcar do mundo, estaria mantendo conversações com o banco de fomento e com a estatal em busca de um apoio de altíssimo teor alcoólico. As gestões passariam pela entrada da dupla no capital da Shree Renuka do Brasil. Segundo informações obtidas junto ao BNDES, a negociação envolve uma participação acionária superior a 30%. A subsidiária, que nasceu como a primeira grande investida internacional dos indianos, tornou-se uma ilha de dívidas e prejuízos dentro do grupo. A empresa carrega sobre os ombros um passivo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. A maior parte destas dívidas é decorrente das duas aquisições feitas pela Shree Renuka no Brasil – a divisão sucroalcooleira da Equipav e duas usinas da paranaense Vale do Ivaí. Os indianos acumulam ainda sucessivas perdas operacionais no país. Na safra 2011/2012, os prejuízos chegaram a R$ 200 milhões. Procurados pelo RR, BNDES, Petrobras e Shree Renuka não quiseram comentar o assunto. A aproximação da Petrobras e do BNDES com a Shree Renuka ocorre no momento em que a política do governo para a indústria sucroalcooleira é alvo de críticas cada vez mais intensas. Quem priva das conversas mantidas na cúpula da ašnica sabe bem o tamanho da irritação. Entre os usineiros, a reclamação mais comum é justamente a freada do BNDES e da Petrobras Biocombustíveis nas operações de equity. No caso da estatal, a bronca é ainda maior. Quando a subsidiária da Petrobras foi criada, o governo hasteou a bandeira de que ela seria um importante agente de capitalização e atração de investimentos para as empresas do setor, notadamente as usinas de controle nacional. Até agora, no entanto, a companhia protagonizou apenas duas negociações vistas pelo mercado como de grande porte: as associações com a Açúcar Guarani e a São Martinho. O setor pode até chiar. No entanto, muitas vezes os interesses da Petrobras e do BNDES não se coadunam com os dos usineiros. Além disso, nem a estatal é boba, nem o banco é burro, a ponto de tomar um risco político por nada. A qualidade dos ativos da Shree Renuka no Brasil é um ponto forte. Ao mesmo tempo, o eventual aporte do BNDES e da Petrobras pode ser entendido também como um esforço para manter o interesse dos indianos pelo país.
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