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Marfrig leva Daniel Dantas de volta para o futuro

  • 22/01/2013
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Daniel Dantas estaria preparando seu retorno ao palco dos grandes negócios com um script espetacular. Sua caminhada de volta se daria pelas trilhas do agronegócio, mais precisamente através da Marfrig. A operação uniria sob um só teto o proprietário do maior rebanho bovino do Brasil – o banqueiro tem cerca de 450 mil cabeças de gado, por meio da Agropecuária Santa Bárbara – e o segundo principal frigorífico do país, com faturamento anual acima de R$ 22 bilhões. E carimbaria uma hiperbólica vitória de Dantas contra os mais diversos estamentos de poder após acirrados contenciosos jurídicos. Em razão das suas sutilezas e do seu contorno político, o projeto exige uma meticulosa costura, a começar pelo BNDES, dono de 12,25% da Marfrig. Até porque os caminhos que unem a agência de fomento e o frigorífico são tortuosos. No recente aumento de capital da empresa, o banco poderia, por contrato, converter integralmente os mais de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis da Marfrig que tinha em carteira. Este movimento faria sua participação acionária saltar para quase 40%, tornando-o acionista controlador. Para não estatizar a empresa, o BNDES abriu mão dessa opção e subscreveu apenas um terço das debêntures. A decisão causou enorme excitação no mercado. A generosidade com Marcos Molina, controlador do frigorífico, teria custado aos cofres do BNDES cerca de R$ 1,2 bilhão – a cifra leva em consideração o volume de ações que ele deixou de subscrever e o valor do papel em Bolsa por ocasião do aumento de capital. Independentemente da posição do banco, o fato é que, para Daniel Dantas, a compra do controle ou de parte da Marfrig passa necessariamente pelo BNDES, que no modelo ideal dividiria o controle. Mas não passa pelas divinas tetas do banco. Pelo contrário. Em vez de devedor, Dantas teria grande chance de se tornar credor, pelo menos moral, do governo, ao ingressar na problemática Marfrig, que carrega uma dívida de R$ 9 bilhões. A compra da Marfrig por Daniel Dantas enseja uma operação integrada gado/abate. Mas não é essa sinergia que leva o negócio a mugir seus encantos. Todo o rebanho do banqueiro está concentrado no Pará, enquanto a unidade de abate mais ao norte do frigorífico se encontra no Mato Grosso. A equação logística só se ajusta se Dantas comprar gado no Centro-Oeste e/ou a empresa arrendar unidades no Norte. Também não é comum um frigorífico manter um rebanho próprio. No entanto, coincidência ou não, o RR apurou que a própria Marfrig avalia a possibilidade de atuar no confinamento. Dantas pode muito bem comprar o Marfrig e manter as operações razoavelmente separadas. Hoje, a maior parte de seus negócios está concentrada na venda de bezerros desmamados, até 30% mais caros do que o gado para corte. Caso a boiada avance, Dantas e o BNDES se tornarão grandes players mundiais da cadeia da proteína, de certa forma se indexando aos quase 1,5 bilhão de estômagos chineses. E será, sem dúvida, um vira, vira, virou de um empresário que, nos últimos anos, ficou marcado mais por suas contendas do que por seus prósperos negócios. E o Molina? Ah, antes que se esqueça, Molina montará em um boi magro e sairá passeando pelo pasto como acionista minoritário. Procurada, a Marfrig informou que “não comenta rumores de mercado”. Por meio de sua assessoria, Daniel Dantas garantiu não ter interesse na verticalização da Agropecuária Santa Bárbara.

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