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Acervo RR
A Busscar, uma das maiores fabricantes de carrocerias da América Latina, vive o seu juízo final. Esta é a percepção de credores, fornecedores, funcionários e, sobretudo, da própria família Nielson, dona da empresa. Ao longo dos últimos dias, os acionistas controladores entraram em um dramático turbilhão de negociações na tentativa de quitar parte das dívidas trabalhistas e retomar a produção. Com a pouca munição que ainda lhes resta, os Nielson atiram em duas direções ao mesmo tempo. Uma delas é a conversão de uma parcela da dívida em participação societária. A empresa já teria apresentado uma proposta aos credores. Trata-se de uma estrada difícil de se atravessar. O Santander, principal credor da Busscar, já teria se mostrado contrário a operação, criando um efeito-dominó de rejeição entre os demais bancos. No entanto, a hipótese tratada pela família Nielson como a bala de prata, a solução das soluções, envolve, como não poderia deixar de ser, o BNDES. Nos últimos dias, os controladores da Busscar voltaram ao banco, depois de duas frustrantes rodadas de negociações no primeiro semestre. As conversas vão de um novo empréstimo para o pagamento dos salários atrasados ao apoio do BNDES para a venda da companhia. Os controladores da Busscar não estão sozinhos. Representantes do Sindicato dos Mecânicos de Joinville se reuniram recentemente com dirigentes do BNDES. Reivindicaram que a instituição intervenha na grave crise financeira da Busscar e coloque a empresa no colo de outra fabricante nacional ? ou Marcopolo ou Comil. O RR – Negócios & Finanças apurou junto a um dos bancos credores que a Busscar analisa também entrar em recuperação judicial. Procurada, a empresa informou que “várias alternativas vêm sendo estudadas”, mas garantiu que a hipótese de recuperação judicial “está fora dos planos”. O fato é que a situação da companhia agravou-se desde o início do ano, quando a produção foi suspensa. Sem receita nova para cobrir os compromissos, a dívida chegou a casa dos R$ 280 milhões. Nos últimos dois meses, a companhia levou duas pancadas seguidas. Em junho, os credores recusaram o pedido de um novo empréstimo, de US$ 115 milhões, que se destinaria a produção de um lote de carrocerias para a Guatemala. No mês seguinte, a Justiça determinou que a Busscar pagasse dois meses de salários atrasados e o 13º de mais de quatro mil funcionários, uma fatura de quase R$ 18 milhões.
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