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Volks, GM, Fiat e Ford jogam óleo na pista dos sem-fábrica

  • 17/12/2012
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Os big four da indústria automobilística nacional deram a partida no lobby do lobby. Não saciadas com o novo regime tributário do setor automotivo, feito sob medida para frear o crescimento das empresas sem fábrica no Brasil, Volkswagen, Ford, General Motors e Fiat já articulam com o governo novas mudanças nas regras do jogo. Nas últimas semanas, Cledorvino Bellini, presidente da Fiat e da Anfavea, teria mantido sucessivos contatos com autoridades em Brasília, notadamente com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. Desta vez, o objetivo dos blockbuster do setor é alterar as normas do Processo Produtivo Básico (PPB). Hoje, para configurar a fabricação nacional, as montadoras precisam cumprir no país ao menos seis das etapas de produção do veículo. Volks, GM, Ford e Fiat querem elevar este número para 10. A mudança, se consumada, terá forte impacto negativo sobre as empresas que se preparam para construir fábricas próprias no Brasil. Elas serão obrigadas a refazer seus projetos, redimensionar as instalações industriais e, na última linha, investir mais do que o previsto. Segundo estimativas das próprias montadoras, em alguns casos, o custo para se erguer uma fábrica no país pode crescer até 30%. Consultada, a Anfavea não se manifestou. A movimentação de GM, Volkswagen, Ford e Fiat tem um quê de mea culpa. O quarteto começa a achar que, em parte, deu um tiro nos próprios pneus ao arrancar do governo o novo regime tributário. A mudança pode até ter beneficiado escancaradamente as top four da indústria automobilística no curto e médios prazos. No entanto, olhando a uma distância mais longa, tem tudo para voltar como um bumerangue no para-brisa das grandes montadoras. O novo regime fiscal acabou por despertar grupos internacionais que se encontravam em uma zona de conforto no mercado brasileiro, operando apenas por meio de importações, e se viram obrigados a antecipar projetos fabris até então em banho-maria. Premidas pelo apartheid fiscal, JAC Motors, Land Rover e BMW, entre outras, estão acelerando os preparativos para montar unidades industriais no país. Ou seja: a alteração do sistema tributário atiçou gente que estava dormindo. Não por acaso, as top four sentiram o golpe e já partiram para uma rápida reação. Talvez não fosse necessário nada disso. Há quem diga que Volks, Fiat, Ford e GM usaram uma bazuca para acertar uma borboleta. As empresas sem fábrica no Brasil, que já chegaram a ter mais de 5% das vendas totais de automóveis, há algum tempo estacionaram na casa dos 3%.

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