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ALL dá um bilhete só de ida para as concessões deficitárias

  • 6/12/2012
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A carga é pesada, e os trilhos, cada vez mais sinuosos. A América Latina Logística (ALL) vive um momento de alta tensão, marcado por uma combinação de mudanças e decisões estratégicas bastante delicadas. Além das complexas articulações para a entrada da Cosan em seu capital, que se arrastam desde o início do ano, a empresa está envolvida em uma intrincada negociação com o governo, que poderá ter impacto direto sobre seus resultados e seu plano de investimentos em 2013. A companhia costura a devolução de trechos pouco rentáveis de sua malha ferroviária, que seriam relicitados no âmbito do PAC das concessões. O primeiro da lista é a linha entre Porto Alegre e São Paulo, que, além de deficitária, tornou-se sinônimo de desgaste institucional para a ALL, devido a s cobranças por aumento dos investimentos feitas recorrentemente pelas autoridades da área de transporte. Outra concessão no índex da companhia é a ligação ferroviária entre uma série de cidades na região do Alto Uruguai (RS). Alguns trechos estão paralisados. A ALL promete retomar as operações no primeiro trimestre de 2013. Segundo informações filtradas junto a  empresa, seria puro jogo de cena. Sua intenção é a devolução da concessão, vista como um ativo de difícil rentabilização. Procurada, a ALL não quis comentar o assunto. Esta é uma agenda extremamente sensível, ao mesmo tempo com contornos políticos, regulatórios, jurídicos e financeiros. A ALL está no meio de um contencioso com a ANTT. Ela questiona na Justiça a recente redução do teto tarifário das concessões ferroviárias. Na média do setor, os cortes chegaram a 25%. Mas, em alguns trechos, a ALL foi obrigada a reduzir os valores em até 47%. A empresa chegou a obter uma liminar suspendendo a redução dos preços. Apesar da vitória jurídica pontual, a empresa trabalha com o pior cenário. Sua percepção é de que dificilmente será possível reverter a nova política tarifária imposta pelo governo. A iminente perda de receita só acentua a necessidade da ALL de devolver concessões deficitárias, o que pressupõe um acordo com o governo. Para isso, a empresa usa todas as armas que tem. Já sinalizou que, se não cortar estas gorduras, dificilmente conseguirá cumprir o plano de investimentos previsto para 2013, da ordem de R$ 700 milhões.

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