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Acervo RR
O que parecia ser a última parada, praticamente o obituário da Busscar, pode, por vias sinuosas, representar a última tentativa de sobrevivência da fabricante de carrocerias. O trabalho de reanimação está em boas mãos: o BNDES chamou para si a missão de salvar a companhia e, sobretudo, seus mais de três mil postos de trabalho. Apesar da decisão da 5ª Vara Cível da Comarca de Joinville, que decretou a falência da Busscar no mês passado, o banco articula a reabertura da companhia e a retomada da produção. Trata-se de uma operação complexa, que depende de autorização da Justiça. O banco estuda uma solução dividida em dois movimentos. O primeiro seria o financiamento da venda de ativos da Busscar. Entrariam no pacote a controlada Tecnofibras, fabricante de itens plásticos e de fibra de vidro para caminhões e tratores, imóveis não operacionais e equipamentos industriais que não são mais utilizados. Os recursos arrecadados com a negociação seriam automaticamente destinados para o pagamento de credores, com a devida anuência da Justiça. Procurado, o BNDES não quis comentar o assunto. Já a Busscar informou que a venda de qualquer ativo da massa falida terá de ser realizada, como determina a lei, de forma pública e judicial. A segunda etapa seria o momento, propriamente dito, da ressurreição da Busscar. O BNDES está disposto a financiar duplamente a venda da empresa, tanto com um empréstimo para o comprador, quanto com a aquisição de uma participação no capital, provavelmente de até 30%. O BNDES entende que, além da importância financeira, esta operação teria forte valor simbólico. Ao se tornar sócio da Busscar, o banco se mostraria aos credores e ao mercado em geral como o fiador da reestruturação da fabricante de carrocerias, deixando a porta aberta para novos aportes necessários ao reinício da produção e ao pagamento dos credores. Segundo uma fonte do próprio BNDES, apenas em uma fase inicial, a injeção de recursos pode chegar a R$ 200 milhões. A dívida total da Busscar chega a quase R$ 900 milhões. Mais da metade representa débitos com bancos e fornecedores. O passivo trabalhista gira em torno dos R$ 120 milhões. Nos últimos meses, diante do que já se anunciava como inevitável falência da companhia, políticos catarinenses, a começar pelo próprio governador Raimundo Colombo, fizeram várias gestões junto ao governo federal, notadamente o ministro Fernando Pimentel, para evitar a capotagem da empresa. A alegação maior é que o fechamento da Busscar terá um imensurável impacto econômico e social em Joinville. Ao menos até o momento, a carreata surtiu o primeiro efeito, com a entrada do BNDES na pista.
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