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Acervo RR
A Petrobras tem tudo para fazer uma revolução no ensino superior. Culpa do pré-sal. O déficit de milhares de engenheiros necessários a exploração dos poços petrolíferos fez com que o comando da estatal começasse a sonhar com o autossuprimento de mão de obra qualificada. A ideia é criar uma unidade formadora de profissionais sob medida, uma “Academia Petrobras de Engenharia”. O projeto se contraporia a s caraminholas que vinham abrindo casamatas no Palácio do Planalto, defendendo a importação de técnicos qualificados, em falta no país. Para a petroleira coça como urticária a simples proposta de ter de assinar um contrato-mercenário, com data de vencimento, com uma legião estrangeira. O projeto da “Academia Petrobras de Engenharia” não está nas ruas, mas já pulou os muros da empresa. O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, que tomou conhecimento do assunto, é totalmente favorável. Mas sua opinião não interessa a Dilma e sim a da presidenta da Petrobras, a encantadora Maria das Graças Foster, entusiasta principal da ideia. É preciso entender como processa a mente de “Graciosa”. Ela é oriunda do Centro de Pesquisa Leopoldo Américo Miguez de Mello, unidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Petrobras, no Rio de Janeiro. Tratase de uma referência quando se fala em tecnologia no Brasil. Graça se orgulha imensamente por ter trabalhado durante grande parte da sua carreira no Cenpes. Ela vibra com a engenharia como uma recém-formada. Não é difícil entender sua animação com o projeto. A Academia de Maria das Graças, entretanto, não é simples de marré deci. Inicialmente, chegou-se a pensar em convênios com universidades de estirpe. Mas, a escolha acabou sendo por uma parceria com a UFRJ, onde já está fincado o Cenpes. Ela permite maior integração com currículo customizado e práticas de campo. Em princípio, a formação será focada em engenharia nas suas diversas especializações (petróleo, química, hidráulica, produção, construção etc.), ciências da computação e oceanografia. Um fato novíssimo: a graduação duraria somente dois anos. É necessária uma negociação com o Ministério da Educação para mudança no prazo de conclusão do curso. O tempo seria encurtado em função de uma carga bastante intensa de estudos, com disciplinas divididas entre as do currículo normal das faculdades de engenharia e as consideradas pela Petrobras como merecedoras de ênfase devido ao maior aproveitamento em suas operações. Ao contrário do IME e do ITA, os estudantes da Academia da Petrobras não fariam prova de vestibular juntamente com as demais universidades. Mais uma novidade: segundo a mesma fonte, todos os alunos receberiam bolsa de estudo e uma pequena ajuda financeira para compensar a dedicação absoluta, necessária para a formatura em dois anos. Quem pensa que, ao terminar a graduação, o aluno seria imediatamente incorporado ao plantel da Petrobras enganou-se de novo. Haverá um ritual de passagem. O jovem formando também fará o tradicional concurso, que tanto orgulha a corporação, mas terá um determinado percentual da prova abonado. Partiria, em uma escala de 1 a 10, digamos, de 4. A ideia é produzir capital humano em massa, a altura da necessidade do pré-sal, o que não vem sendo feito pelas universidades ou pelos programas governamentais.
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