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Celesc é um museu elétrico de grandes novidades

  • 21/06/2012
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O calendário na sala do presidente da Celesc, Antonio Gavazzoni, marca 2012. Mas se fosse 2010, ninguém sentiria a menor diferença. A distribuidora catarinense tornou- se vítima de um feitiço do tempo. Está, simultaneamente, diante de novos distúrbios societários e da mesma hipótese de reestruturação do bloco de controle que viveu há dois anos. Se, em 2010, os adversários eram Previ, Geração Futuro e Tarpon ? que detêm mais de 36% do capital e, a  época, exigiam mais espaço na gestão da companhia ?, o problema da vez atende pelo nome e sobrenome de Lírio Parisotto. Detentor de 11% da estatal, o empresário pretende entrar na Justiça para obrigar a Celesc a concederlhe o direito de retirada. Na prática, isso significa que a empresa teria de comprar as ações de Parisotto com base no valor patrimonial, hoje praticamente 50% acima da cotação negociada em Bolsa. Com base no estatuto da companhia, o empresário alega que tem direito a  venda das ações por não concordar com a recente mudança no objeto social da Celesc. Parisotto é um fio desencapado. Com patrimônio pessoal avaliado em mais de R$ 2 bilhões e um vasto portfólio de ações, ele costuma infernizar a vida dos controladores das empresas em que tem participação. Como se não bastasse o desgaste de um contencioso como este, o embate com Lírio Parisotto ainda pode ter efeitos colaterais sobre o futuro societário da Celesc. Neste caso, as luzes apontam na direção da Copel. A empresa paranaense ressuscitou os planos de entrar no capital da Celesc. As negociações são complexas. Passam pela aquisição de ações em poder de Previ, Tarpon e Geração Futuro e dependem do aval do governo de Santa Catarina. Procurado, Lírio Parisotto não quis se manifestar. Já a Celesc esclareceu que não recebeu “qualquer manifestação de ação judicial sobre o tema”. Em relação a  Copel, a empresa informou que “não comenta rumores de mercado”. A estatal paranaense, por sua vez, não se pronunciou. A Copel parece ter vocação para cruzar o caminho de seus vizinhos nas horas mais impróprias. A primeira investida sobre a Celesc se deu em 2010, justamente no auge da batalha do fundo de pensão e das duas gestoras de recursos com o governo catarinense. Agora, o cenário é similar. A iminente disputa jurídica entre Lírio Parisotto e a Celesc pode embarreirar a eventual negociação de ações da distribuidora. Além disso, o contencioso traz embutido o risco de uma expressiva perda financeira para a companhia catarinense. Se ganhar a ação, Parisotto deverá levar para a casa mais de R$ 220 milhões. Se perder, ainda assim não terá motivos para reclamar da vida. Sempre lhe restará a possibilidade de se consolar da derrota jurídica nos braços de sua namorada, Luiza Brunet. Precisa de mais?

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