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Cemig e Andrade Gutierrez enfrentam picos de energia

  • 24/05/2012
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O que parecia ser um monólito, uma peça soldada a ferro e fogo pelas relações entre Aécio Neves e Sergio Andrade, tem mostrado pequenos sinais de fissura. O governador Antonio Anastasia e o dono da Andrade Gutierrez vêm apresentando alguns pontos de fricção em relação ao modelo de negócio da Cemig, notadamente no que diz respeito a  construção e operação de usinas hidrelétricas. O governo mineiro está disposto a formar joint ventures com investidores privados para desenvolver futuros projetos em geração. Seria uma forma de dividir o risco da operação e reduzir a necessidade de aporte de recursos do estado. Procuradas, Cemig e Andrade Gutierrez negaram qualquer divergência societária em relação ao plano estratégico para a área de geração. No entanto, de acordo com informações filtradas junto a  própria estatal, o desentendimento existe. Até porque a Cemig já estaria trabalhando na montagem deste novo modelo a  revelia da construtora. A distribuidora teria, inclusive, feito simulações internas que indicam uma redução potencial de até 40% na necessidade de aportes próprios na área de geração a partir desta nova configuração de negócio. No papel, trata-se de uma medida eivada de boas intenções, a começar pela sinalização de preservação dos recursos públicos. Na prática, porém, a proposta acende uma labareda. A empreiteira é avessa a este formato. Enxerga na proposta um atentado contra o seu poder na estatal, da qual detém 33%. Caso a Cemig parta para associações com grupos privados, baseadas na criação de uma terceira empresa, pelos critérios de equivalência patrimonial automaticamente o peso da Andrade Gutierrez nos negócios da estatal em geração será diluído. A olho nu, a intenção do governo mineiro contrasta com o voraz apetite demonstrado pela Cemig nos últimos anos. No entanto, a medida tem uma motivação principal. Por conta das sucessivas aquisições, a relação dívida/patrimônio da empresa se aproxima do limite permitido pelo estatuto social. Ressalte-se que a estatal tem restrições para a obtenção de recursos públicos. Ainda assim, os ruídos na relação societária se tornaram inevitáveis. Sergio Andrade tem feito pressão para que o governo mineiro desista desta abrupta mudança de rota e mantenha os planos originais da Cemig para a área de geração, leia-se a participação pura e simples em consórcios e não a formação de novas empresas. Por ora, a falta de consenso já começa a provocar efeitos colaterais nos movimentos da Cemig. O projeto da estatal de construir duas hidrelétricas de médio porte em Minas Gerais está paralisado.

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