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Acervo RR
O inconfundível estilo centralizador e abrasivo de Maria das Graças Foster começa a se espraiar pelas diversas áreas da Petrobras. Além das mudanças no primeiro e segundo escalões da estatal, Graça resolveu cutucar um vespeiro de abelhas africanas e mexer em uma questão extremamente delicada, que extrapola as fronteiras da empresa e resvala na esfera diplomática e na política externa do governo de Dilma Rousseff. A nova comandante – em-chefe da Petrobras quer usar de todo o seu poder para dar novos contornos a s relações internacionais da companhia. Este foi um dos principais assuntos discutidos entre “Graciosa” e Dilma no longo encontro que ambas tiveram recentemente no Planalto, que, de tão extenso, obrigou a executiva a passar a noite no Palácio. Os primeiros sinais da nova postura vieram logo após o anúncio da expropriação da YPF, quando Graça prontamente reafirmou o interesse da Petrobras em seguir investindo na Argentina. O alvo agora é a PDVSA. Há uma reviravolta em curso no projeto de construção da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Não obstante as boas relações entre os governos dos dois países, Graça tem trabalhado para ejetar a estatal venezuelana do empreendimento e abrir espaço para o ingresso de um sócio menos errático. Não é de hoje que Maria das Graças nutre antipatia pela PDVSA. Durante a gestão de José Sergio Gabrielli, quando ainda ocupava a diretoria de Gás e Energia, internamente a executiva fez sucessivas críticas a postura dos venezuelanos e a demora no fechamento do acordo. Nas últimas semanas, sua aversão a PDVSA ganhou um novo combustível. A estatal venezuelana tem se movimentado para tirar da gaveta um velho projeto: a abertura de postos de gasolina no Brasil. A Petrobras vem acompanhando com lupa os passos bolivarianos. Segundo o RR apurou junto a uma fonte com trânsito livre na Avenida Chile, a PDVSA está sondando postos de bandeira branca nas regiões Norte e Nordeste. A movimentação foi recebida por Graça Foster e por outros diretores da Petrobras como uma bola nas costas. Na origem das negociações para a construção da Abreu Lima, os venezuelanos se comprometeram a só entrar no comércio retalhista brasileiro após a inauguração da refinaria – o acordo original, se é que ele ainda vale algo, prevê que a PDVSA fique com 40% do volume de combustível produzido na unidade.
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