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Juros do BB e da CEF envenenam relações de governo

  • 11/05/2012
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A taxa Selic baixou e isso ninguém mais discute. Mas, apesar de todo o obaoba com a redução dos juros do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, a verdade é que os fatos estão aquém da versão. E mais: o custo dos empréstimos do BB e da CEF estão levando as autoridades do Ministério da Fazenda, Banco Central e os próprios diretores das duas instituições a se alfinetarem nos bastidores do governo. O projeto vendido por Guido Mantega a  presidente Dilma Rousseff foi trazer a taxa dos empréstimos dos dois bancos federais ao emblemático piso do mercado. Ou seja, no melhor estilo Lula, Dilma poderia dizer, com base nos juros do BB e da CEF, que nunca antes na história deste país os financiamentos foram tão baratos. O marketing vinha funcionando muito bem e colocou sob pressão da opinião pública a banca privada, que ficou com a pecha de vilã da história. Mas os dias que antecederam a divulgação pelo Banco Central do tradicional ranking com as taxas médias praticadas no mercado viraram de pontacabeça o clima de euforia até então predominante no governo. O BC sofreu calafrios para colocar os números na vitrine. Telefonemas teriam cruzado inúmeras vezes as linhas da Fazenda e da autoridade monetária, sem uma solução para atenuar os dados do ranking. O Banco do Brasil apresentou a trigésima melhor taxa entre 38 instituições. A CEF, por sua vez, ficou na vigésima- terceira posição. São dois orgulhos da nação, para os quais estava prevista a missão de ostentar os juros mais baixos do país. A celeuma dos juros, entretanto, não fica por aí. Apesar dos discursos empolgados de que juro baixo traz mais clientes e, portanto, mais lucro para os bancos, nas entranhas do sistema a engrenagem não funciona exatamente desta maneira. Os juros não caíram tanto assim, mas o suficiente para transtornar o ambiente. As direções do BB e da CEF já começaram a abrir suas trincheiras em volta do Ministério da Fazenda. O presidente da Caixa, Jorge Hereda, tem cumprido uma função de retaguarda, até porque vocaliza uma corporação bem mais acostumada a registrar prejuízos bancários. Já o presidente do BB, Aldemir Bendine, apesar de estar na linha de fogo do Planalto, vem partindo para a ofensiva com a desenvoltura de quem tem o cargo garantido. O discurso de Bendine está numericamente embasado. Só nos últimos 30 dias, seis mil operações de empréstimos no valor aproximado de R$ 400 milhões foram feitas por pequenas empresas junto ao BB. Parece bom, mas não é. São aqueles tomadores de crédito dos bancos privados com maior risco de inadimplência que estão pegando financiamentos novos do BB para amortizar os débitos anteriores. Se isso aumenta exponencialmente, o Banco do Brasil carrega uma bomba-relógio no ventre.

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