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Acervo RR
As derrapagens financeiras da Mangels viraram “assunto de Estado”. Os recentes problemas da fabricante de rodas de liga leve mobilizaram a alta direção do BNDES, sócio da companhia, com 13% das ações preferenciais. Segundo informações filtradas junto a própria agência de fomento, Mangels e BNDES têm discutido possíveis operações que ajudem a empresa a sair do banco de areia movediça no qual atolou nos últimos meses. De acordo com a fonte do RR, a hipótese que mais ganha força dentro do banco é a realização de um aumento de capital da companhia. A emissão funcionaria como um trampolim para a BNDESPar não apenas ampliar sua participação societária, mas também comprar ações ordinárias e ingressar no bloco de controle. Procurados pelo RR, Mangels e BNDES não quiseram se pronunciar. Há fortes razões para a preocupação do BNDES com a perda de receita, os prejuízos registrados no ano passado e os cortes de investimento anunciados pela companhia. Além do cordão umbilical societário, o banco olha para esta questão com uma visão grande-angular, que ultrapassa as fronteiras da empresa e contempla de forma sistêmica a cadeia de produção do setor. Dentro do BNDES, há o receio de que, no limite, um eventual agravamento das dificuldades da Mangels possa, de alguma maneira, afetar o fornecimento de rodas de liga leve de alumínio para a indústria automobilística nacional. Ressalte-se que a empresa tem aproximadamente 40% de market share neste segmento. As conversações com o BNDES refletem o ambiente de tensão da família Mangels, que, recentemente, em um exercício de mea culpa, assumiu publicamente sua decepção com a performance da empresa. No ano passado, as vendas caíram 7%. O prejuízo bateu nos R$ 32 milhões. A reação dos controladores foi imediata – até porque, segundo informações filtradas junto a própria Mangels, as projeções internas indicam nova queda da demanda para este ano. A companhia deflagrou um drástico processo de cortes nas despesas operacionais e reviu seu plano de investimentos. A decisão mais emblemática foi a suspensão do projeto de compra de ativos no exterior – de acordo com a fonte do RR, havia conversações com uma indústria do México e outra nos Estados Unidos. A navalhada nos investimentos e nos custos tem sido liderada por Ivan Sartori Filho. O executivo foi contratado no início do ano para ocupar a diretoria de operações. No entanto, diante da impopular missão que recebeu, dentro da empresa seu cargo já teria sido sarcasticamente apelidado de “diretoria de maldades”. Caso o aporte de capital do BNDES se confirme, a Mangels espera, em um primeiro momento, recuperar o nível de investimentos internos, que, neste ano, será praticamente residual. De acordo com a fonte do RR, só então dentro de um ou dois anos – e, ainda assim, dependendo da retomada das vendas e da lucratividade – a companhia voltaria a pensar em aquisições no exterior. O aporte do BNDES ajudará também na repactuação da dívida, outro motivo de aflição para a família Mangels. A empresa fechou 2011 com um passivo de curto prazo de R$ 347 milhões, para um patrimônio líquido de R$ 193 milhões.
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