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Acervo RR
A família Ioschpe e o BNDES são duas locomotivas em sentido contrário. O futuro da fabricante de vagões Iochpe-Maxion colocou seus fundadores e a agência de fomento em rota de colisão. O motivo são as negociações para a venda do controle da empresa. Segundo um executivo ligado a família Ioschpe, o principal candidato a aquisição é a China Rail Construction Company (CRCC). Ela traz a tiracolo os conterrâneos da China North Railway (CNR), fabricante de equipamentos ferroviários que já atua no Brasil – entre outros negócios, tem um contrato de US$ 163 milhões com o Metrô do Rio de Janeiro. A dupla deve ter ainda o apoio do fundo soberano China Investment Corporation. Embora o capital da Iochpe-Maxion seja bastante pulverizado, inclusive entre os próprios sócios fundadores, o comboio chinês passaria a ser o principal acionista individual da empresa. Tudo muito bom, tudo muito bem, não fosse por um ilustre passageiro com poder para brecar o trem e interferir no destino societário da Iochpe. De acordo com a mesma fonte, o BNDES, dono de quase 7% do capital, é contra a venda para os chineses. Procurada, a Iochpe-Maxion negou a operação. O banco de fomento, por sua vez, não quis se pronunciar. O BNDES enxerga a operação com olhos de BNDES. O banco promete usar todo o seu arsenal para impedir a negociação da Iochpe-Maxion para os chineses. Seu objetivo é brecar o acelerado processo de desnacionalização de um setor considerado razoavelmente importante, em razão da necessidade de ampliação e modernização da malha ferroviária no país. Um número cada vez maior de encomendas tem caído nas mãos dos grupos estrangeiros que operam no Brasil, sobretudo GE e Bombardier. As relações entre os Ioschpe e o BNDES seriam cada vez mais tensas. Por questões estratégicas, a família está inclinada a aceitar a oferta chinesa, concentrando-se em outros negócios do grupo, como a produção de autopeças. Ainda de acordo com a fonte ouvida pelo RR, a direção do BNDES tem discutido alguns cenários para impedir a venda para os chineses. Dentro do banco, ganha força a hipótese de compra da participação da família, operação que faria da BNDESPar a maior acionista individual. Posteriormente, bem ao feitio da sua política de criação de grandes grupos nacionais, a agência de fomento usaria a Iochpe como estação primeira para um projeto de consolidação no setor.
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