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Acervo RR
Nada como uma crise europeia para implodir a mais pétrea das estratégias corporativas. Que o diga a Enel. O grupo italiano – que, há pouco mais de um ano, estava irredutível quanto a ideia de vender seus ativos no Brasil – mudou da água para um Sassicaia safra 1985. A ordem na empresa é turbinar suas operações no país, herdadas com a compra do controle da espanhola Endesa. A dieta de engorda começará pela Ampla. Os italianos planejam uma oferta de ações da distribuidora fluminense equivalente a 25% do capital. A ideia é aproveitar a emissão como passaporte para a migração da empresa ao Novo Mercado. Segundo uma fonte ligada a Enel, as chilenas Enersis e Chilectra, donas, respectivamente, de 15% e 10% da Ampla, deverão usar a operação como porta de saída da Ampla. Ambas são controladas pela própria Enel. De acordo com a mesma fonte, a Chilectra Inversud, também subsidiária do grupo, vai transferir sua participação de 21% para os italianos. Com isso, a Enel, que detém outros 47% da Ampla por meio da Endesa Brasil, poderá manter o controle acionário da distribuidora mesmo com a oferta de 25% das ações. Procurada pelo RR, a Enel – por intermédio da Endesa, acionista majoritária da Ampla -negou a oferta de ações. O RR, contudo, apurou junto a uma fonte ligada a Ampla que a estratégia da Enel no Brasil está sendo montada justamente em cima da capitalização da empresa. Com o reforço decorrente da emissão de ações, a companhia se credencia a ser a ponta de lança dos novos investimentos dos italianos no Brasil. Além de reforçar sua operação de distribuição no Rio de Janeiro, a Enel estuda usar a companhia para a compra de participações ou do controle de outras concessionárias de energia. Seus planos passam também pela expansão do seu parque gerador no país, notadamente a partir de PCHs e de outras fontes renováveis.
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