Acervo RR

Venda da Usinas Itamarati vira o maior bagaço

  • 7/02/2012
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Ana Claudia de Moraes passou boa parte da vida se preparando para ser herdeira de um império agroindustrial e financeiro. Agora, luta com as poucas armas que tem para não ficar marcada como a responsável pelo fenecimento do que ainda resta de uma das maiores sagas empresariais do país. Filha de Olacyr de Moraes, Ana Claudia tem encontrado cada vez mais dificuldades para manter em pé a Usinas Itamarati, um dos últimos ativos do grupo em operação. O processo de venda de parte ou do controle da companhia, visto pela própria empresária como a derradeira possibilidade de salvação do negócio, esfriou consideravelmente nas últimas semanas. Desde o fim do ano passado, Tereos e Raízen vêm mantendo conversações com o JP Morgan, adviser contratado por Ana Claudia. No entanto, em ambos os acasos, as negociações empacaram em questões nevrálgicas e de difícil equacionamento. Procuradas pelo RR, Tereos e Raízen informaram que “não comentam rumores de mercado”. A Usinas Itamarati não retornou até o fechamento desta edição. O interesse de Rubens Ometto, da Raízen, esfriou após a avaliação dos passivos fiscais e trabalhistas da Usinas Itamarati – a dívida total da empresa é de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Segundo o RR apurou, Ometto se mostrou particularmente preocupado com uma parcela de R$ 250 milhões que a Itamarati terá de pagar a cerca de 20 credores entre 2012 e 2013. Há dúvidas quanto a  capacidade de geração de caixa da companhia para honrar estes compromissos, mesmo com o faturamento de R$ 700 milhões previsto para a safra 2011/2012. No caso da Tereos, que entraria no negócio em parceria com a Petrobras, o principal entrave seria a intenção de Ana Claudia de Moraes de permanecer na Itamarati. Os franceses até aceitam a coabitação societária, mas não nas condições propostas pela empresária. Ela estaria disposta a manter 40% da usina. A Tereos acha uma fatia gananciosa demais para quem não tem qualquer poder de fogo na negociação. Admite que Ana Claudia fique no capital, mas com um naco não superior a 20%. Diante desta bola dividida, as conversações azedaram. De acordo com informações filtradas junto a  própria Tereos, desde meados de janeiro os franceses não mantiveram mais qualquer contato com o JP Morgan. Diante da dificuldade de venda, Ana Claudia chegou a ser aconselhada por outros executivos da Itamarati a recorrer ao expediente da recuperação judicial. A empresária resiste a esta ideia. Ela sabe bem onde estão suas maiores vulnerabilidades. A relação entre a usina e seus credores está extremamente desgastada. Por conta disso, a empresária entende que teria muita dificuldade em aprovar um plano de recuperação judicial.

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