Acervo RR

Marfrig puxa uma cadeira Á  espera de um novo sócio

  • 3/02/2012
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Há uma pergunta que não quer calar na indústria de carne bovina: o que está por detrás das sucessivas aquisições de papéis do Marfrig feitas nos últimos meses pelo próprio controlador da companhia, Marcos Molina? Entre setembro e dezembro, o empresário aumentou sua participação de 43% para 47% do capital ordinário. O banquete não terminou. Molina está negociando a compra de mais 4% de ações em poder de fundos de investimento. Chegará, portanto, a  marca de 51% das ONs. Antes que alguém enxergue uma operação de tesouraria convencional, o caminho é outro. De acordo com um executivo ligado ao frigorífico, Molina está preparando o terreno para a venda de parte da companhia para um private equity. O novo sócio seria um personagem vital no árduo trabalho de desintoxicação financeira do frigorífico. O aporte de capital permitiria a retomada dos investimentos em um ritmo mais extenso e o alongamento de parte da dívida, a maior das chagas da empresa. Procurado pelo RR, o Marfrig negou a venda de uma participação para um fundo de investimento. Segundo a fonte do RR, a operação foi discutida recentemente pelo Conselho de Administração do grupo, e já existem conversas preliminares com alguns private equities. Diante da possibilidade de se manter no controle, Molina dá prioridade a  parceria com um fundo de investimento em vez da associação com um player do setor, como chegou a ser cogitado no fim do ano passado. Qualquer que seja o caminho adotado, o Marfrig conta com o apoio do BNDES, o que não é pouco. Para o banco, tratase de uma questão de honra. Dona de quase 14% do frigorífico, a instituição não apenas entrou de cabeça em um negócio controverso como exibiu esta operação na vitrine da sua política de estímulo a consolidações setoriais. Marcos Molina sabe, melhor do que ninguém, que está jogando uma roleta russa acionária. Por enquanto, a bala ainda está no tambor. Desde que o empresário iniciou as seguidas aquisições de papeis, no fim de setembro, as cotações subiram mais de 30%. No entanto, a cada vez que aperta o gatilho na Bolsa, Molina se expõe a um risco que cresce em progressão geométrica. Os fundamentos do Marfrig são uma carne de segunda. Além de carregar as marcas de uma crise financeira, a companhia convive com uma péssima imagem institucional, notadamente no aspecto sociocorporativo. A percepção do frigorífico no mercado está longe de sugerir uma alta sustentável das ações. Dependendo do timing, paira sobre Molina a ameaça de vender parte do capital a um preço mais baixo do que pagou em Bolsa. Isso para não falar da temível hipótese de ele não conseguir um sócio e ficar com essa chã de dentro na mão.

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