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Acervo RR
Parafraseando Jorge Benjor, os chineses estão chegando, estão chegando os chineses. O mais novo alvo de cobiça dos asiáticos no Brasil é o mercado de laticínios. A Mengniu Dairy Group, empresa com quase US$ 5 bilhões de receita anual, prepara-se para desembarcar no país. O RR apurou que executivos chineses estão no Brasil trabalhando na montagem do plano estratégico para a chegada do grupo. O projeto prevê tanto a construção de fábricas próprias quanto aquisições. A Mengniu vem rastreando o mercado em busca de ativos notoriamente depreciados. Neste caso, seus olhos estão voltados para a Leite Nilza. A empresa, que pertenceu a Adhemar de Barros Neto, ex-acionista da Lacta, encontra-se em recuperação judicial. No ano passado, chegou a ter sua falência decretada e posteriormente anulada pela Justiça – o processo ainda corre no STJ. Atualmente, a Nilza é controlada pela Airex Trading, do advogado Sergio Alambert, que tem 65% do capital – o restante pertence a BNDESPar. Procurada pelo RR, a Airex confirmou que tem conversado com investidores do setor de laticínios. Aceita, inclusive, negociar o controle da Leite Nilza. Porém, garantiu que não houve contato com a Mengniu. O BNDES é uma peça chave nesta engrenagem. Dentro da instituição, a compra da Nilza pela Mengniu é vista com bons olhos. O banco nutre dúvidas quanto a real possibilidade de Sergio Alambert tirar a companhia do atoleiro. A percepção é de que isso só será possível com a chegada de um grande grupo do setor, que serviria como estimulante para os próprios credores, céticos em relação a hipótese de recuperação da Nilza. A empresa, de Ribeirão Preto, tem uma dívida superior a R$ 400 milhões. Ao mesmo tempo em que prepara o bote sobre a Nilza, a Mengniu vai pincelando os planos para a montagem de uma estrutura industrial própria no Brasil. Os chineses pretendem, na partida, construir duas fábricas. Goiás e Rio Grande do Sul são os candidatos mais fortes a receber o empreendimento. Se comprar a Nilza, o grupo asiático ainda herdará mais duas unidades de produção, uma em Minas Gerais e outra em São Paulo. Um dos principais objetivos da Mengniu é usar o Brasil como centro de exportação para a própria China, onde a demanda por laticínios tem crescido, em média, 20% ao ano.
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