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Acervo RR
O HSBC rompe o ano de 2012 vivendo seu momento de decisão no Brasil. O banco tem a oportunidade de fazer do limão, a crise europeia, uma limonada, com a reversão do seu baixo desempenho histórico no país. Para isso, precisa resolver qual o caminho tomar em um turbilhão de interrogações. Optar pelo crescimento orgânico? Comprar um banco com expertise complementar? Vender ativos para melhorar a performance? Fazer uma grande aquisição que lhe permita criar massa crítica no Brasil? Nenhuma das opções exclui as demais e todas estão em estudo pelo banco. Mas as duas escolhas que parecem já ter sido feitas no silêncio do HSBC são a venda da Losango e a compra da operação bancária do Santander no Brasil – ver RR nº 4.267. A primeira iniciativa serviria para fazer caixa para a segunda. Em outra circunstância, o HSBC até esperaria mais para se desfazer do ativo, tendo em vista as condições de preço do mercado. No entanto, o custo de oportunidade para a aquisição do Santander exige que ele monte este cavalo antes que outro o faça. O assessor de imprensa do HSBC, Antonio Carlos Seidl, considera que o RR deveria ser nomeado para o – Oscar de ficção jornalística – devido a s menções a compra das operações do Santander no Brasil. É dura a tarefa, sempre em ambiente hostil, de antecipar informações no mundo das fusões e aquisições. Seria bom que Seidl não fizesse como o finado Banco Nacional, que publicou um anúncio de primeira página para desmentir a fusão com o Unibanco, divulgada pelo RR – fato que se consumou cinco dias depois. O que a assessoria de comunicação do HSBC não pode desmentir em hipótese alguma são os pífios resultados no Brasil, por qualquer métrica que se utilize. Entre os grandes da banca nacional, a instituição segura a lanterninha. Seu lucro no primeiro semestre projeta uma rentabilidade anualizada em torno de 14%. Não dá nem para a saída em relação a concorrência. No Bradesco, a estimativa de retorno sobre o patrimônio para este ano gira em torno de 22,5%. O Itaú está no mesmo patamar. O lucro do primeiro semestre aponta para uma rentabilidade de 22,4% em 2011. O Banco do Brasil vai além. A projeção é de um ganho sobre o patrimônio líquido superior a 25%. Esta goleada da concorrência não se restringe a 2011. Nos últimos dois anos, o HSBC ficou atrás de seus maiores oponentes. Em 2009 e 2010, teve uma rentabilidade média de 12,9%. No Bradesco, este índice foi de aproximadamente 21%. O Itaú, por sua vez, registrou um ganho sobre patrimônio de 22,7% na média dos dois últimos balanços. Neste período, o BB também ficou a frente, com um retorno médio de 28,8%. Dependendo do critério contábil adotado, até o próprio Santander, duramente ferido pela crise financeira na Europa, vem apresentando um desempenho superior ao do HSBC. Excluindo-se o ágio pago na compra do Real, o banco espanhol teve uma rentabilidade sobre patrimônio de 17,8% na média dos últimos dois exercícios. Utilizando-se o mesmo padrão, o resultado da instituição no primeiro semestre deste ano projeta um retorno de 18% em 2011. Os resultados do HSBC só podem ser atribuídos a incompetência de gestão ou a falta de musculatura para concorrer no mercado bancário brasileiro. As evidências apontam para a segunda hipótese.
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