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Acervo RR
Antonio Anastasia está perseguindo algo que nem mesmo Aécio Neves conseguiu: alavancar as operações da Cemig Telecom, braço de telecomunicações da estatal mineira. A solução passa por uma espécie de -privatização branca- da companhia. A ideia do governo mineiro é montar uma joint venture com uma operadora de telecomunicações, como forma de criar massa crítica, inflar a carteira de clientes e, consequentemente, aumentar a rentabilidade do uso da malha de cabos ópticos da Cemig Telecom. O principal candidato ao negócio é a GVT. As tratativas com a empresa começaram há cerca de quatro meses. Só para não variar, Aécio Neves, espécie de presidente de honra vitalício da Cemig, não podia ficar de fora dessa história. De acordo com uma fonte da própria estatal mineira, Aécio teria se encontrado com Jean-Bernard Lévy, CEO Global da Vivendi, dona da GVT. A conversa se deu em agosto, data da mais recente visita de Lévy ao Brasil. Dentro da Cemig, a GVT é vista como a parceira ideal para a operação. Ao contrário de suas concorrentes, cujos investimentos de maior volume já estão amortizados, a empresa controlada pela Vivendi ainda precisa aportar recursos na montagem de uma rede de infraestrutura mais ampla no país. Esta necessidade aumentaria o peso e o poder de barganha da Cemig na negociação, com impacto direto sobre a precificação de seus ativos. Aos olhos dos mineiros, esta é a típica operação que junta a fome de um com a vontade de comer do outro. Ao se unir a GVT, a Cemig passaria a ter acesso a carteira de clientes da nova parceira, forte, sobretudo, no segmento corporativo. Ganharia ainda um sócio com expertise para potencializar o uso de sua infraestrutura, que, na avaliação dos próprios dirigentes da estatal, é subutilizada. Apesar de todos os investimentos feitos pelo estado nos últimos anos, que ultrapassam a casa dos R$ 400 milhões, a subsidiária jamais se tornou uma empresa expressiva no setor e tampouco passou de uma gotícula no oceano de negócios da Cemig. No ano passado, a divisão Telecom faturou cerca de R$ 130 milhões, o equivalente a apenas 1% da receita total do grupo. A direção da Cemig acha que é possível esticar este índice para 5% em até três anos. A GVT, por sua vez, ampliaria consideravelmente sua atuação no terceiro maior mercado do Brasil, sobretudo nos serviços de banda larga. No caso de uma parceria com a Cemig, a companhia terá a sua disposição uma rede com aproximadamente quatro mil quilômetros de cabos ópticos, cruzando mais de 40 cidades mineiras.
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