Acervo RR

Gafisa como aves de rapina

  • 29/11/2011
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Há uma metamorfose em andamento na cadeia alimentar do mercado imobiliário. De voraz predadora, a Gafisa corre o risco de se tornar uma presa do setor. Quem o diz não são apenas os principais concorrentes da empresa, alguns deles fortes candidatos a sua aquisição. Dentro da própria Gafisa, o clima é desolador. Segundo uma fonte que habita o alto-comando da incorporadora, seus acionistas e executivos compartilham da ideia de que a companhia deixou de ser um potencial consolidador da área de construção civil para se tornar um alvo cada vez mais frágil. Entre os sócios da empresa, inclusive, o clima é de diáspora e suspeitas mútuas de possíveis abandonos do barco. De acordo com a mesma fonte, alguns dos fundos de investimentos acionistas da Gafisa já foram procurados pela PDG e pela Cyrela. A compra de um naco significativo de papéis da empresa seria meio caminho andado para a posterior aquisição do controle, até pela força que uma destas incorporadoras passaria a ter ao colocar um pé na empresa. O que não falta é porta de entrada no capital da construtora: mais de 94% das ações são negociados em Bolsa. Procurada pelo RR, a Gafisa informou – que não comenta especulações de mercado -. Entre os candidatos mais fortes a  aquisição da Gafisa, o que mais chama a atenção é a presença da Cyrela. Trata- se de um sinal inequívoco do acelerado processo de enfraquecimento da incorporadora paulista. Até recentemente era a Gafisa quem tentava dar o bote para ficar com o controle da Cyrela – ver RR – Negócios & Finanças edição nº 4.191. Nos últimos meses, no entanto, a situação se deteriorou. Os problemas da Gafisa não cabem em um arranha-céu. Desde o início do ano, a companhia passou por uma traumática troca de gestão. O executivo Wilson Amaral, que, até então, mandava e desmandava na construtora, foi afastado pelos acionistas devido a  queda dos resultados e, sobretudo, aos atrasos na entrega de obras. Desde meados do primeiro semestre, a empresa passou a reduzir sucessivamente suas estimativas de lançamentos por conta do descumprimento do cronograma de importantes empreendimentos, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro. No setor de construção civil, atrasos em sequência na entrega de imóveis como este costumam representar um choque na imagem de qualquer empresa. Os acionistas, por sua vez, reagiram da sua maneira. No ano, as ações da Gafisa acumulam queda superior a 50%. A situação de tibieza da companhia só se intensificou com a sucessiva redução da rentabilidade. Nos primeiros nove meses do ano, o lucro foi de R$ 85 milhões, um recuo de 69% em relação a igual período em 2010.

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