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-Bode- faz um leilão elétrico com as ações da Energisa

  • 19/10/2011
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Desde os áureos tempos de estripulias nas Bolsas de Valores, Antônio José Carneiro sempre se notabilizou por movimentos enigmáticos e insondáveis. Seu talento para operações sinuosas está se repetindo agora na Energisa. Após fazer pressão sobre a família Botelho para aumentar sua participação na empresa, -Bode- deu uma guinada de 180 graus. Está promovendo um leilão para vender sua fatia – equivalente a 22% das ações ordinárias e 53% do capital total da companhia. O investidor já teria recusado três propostas por sua participação. Ainda assim, mantém conversações com todos os candidatos. A lista é formada por Cemig, Iberdrola e Equatorial Energia, leia-se Pactual Capital Partners (PCP). A tríplice negociação produziu um efeito colateral. A direção da Cemig está extremamente irritada com as artimanhas do investidor. Há cerca de três meses, ele teria praticamente selado a venda de sua participação para os mineiros. No meio do caminho, no entanto, abriu conversações com a Equatorial e a Iberdrola, dando início ao leilão. Na visão da Cemig, -Bode- blefa como todo bom jogador de pôquer. Os executivos da estatal mineira estão convictos de que nem os espanhóis nem a holding controlada pelo PCP sequer teriam chegado perto da proposta original apresentada ao investidor. -Bode- estaria apenas usando a Equatorial e a Iberdrola como meros instrumentos de pressão para forçar a Cemig a elevar sua oferta. Só que vento que venta lá venta cá. A Cemig também estaria disposta a jogar o jogo. Fincaria o pé aguardando a volta do -Bode-. Os acionistas controladores da Energisa assistem a s acrobacias de Antônio José Carneiro de braços atados. Nada podem fazer para interferir na negociação. Consequentemente, não têm qualquer poder para decidir quem será seu futuro sócio na companhia. Engessada, a família Botelho olha para o tabuleiro societário da Energisa com preocupação. A hipótese que mais aflige é justamente a chegada da Cemig. Dificilmente a estatal mineira vai se contentar com uma posição minoritária na empresa. Assim foi no caso da Light. O temor dos Botelho é que a companhia entre na Energisa como um aríete, empurrando- os contra a parede para assumir o controle da companhia. Agir de forma diferente é que não faz o menor sentido.

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