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Marx, a Selic e fragmentos do Das Kapital

  • 5/09/2011
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O corte de 50 pontos básicos na taxa básica de juros deixou clara a linha divisória existente entre o efetivo interesse nacional (a concertação entre a política monetária, nível ótimo de emprego e crescimento da economia) e o dos rentiers. As nuvens que encobriam as cartas marcadas, também chamadas pelos prestidigitadores de expectativas racionais, se dissipam e revelam o solerte interesse de classe. É vulgar, para não dizer vexatória, a dialética de que o bom risco para a sociedade é aquele ambiente em que as autoridades monetárias se ajoelham frente a s previsões do mercado e dizem amém. Está, portanto, desmascarada a relação promíscua entre a pesquisa Focus e o Banco Central. A associação da sintonia – leia-se subserviência – do BC ao mercado com a eficiência da política monetária, tem sido amalgamada com sucesso pelo capital em detrimento do trabalho. andices econométricos são produzidos para demonstrar que a sinalização eficiente do BC é fruto da reprodução da voz do mercado, que, por sua vez, levará o BC a sinalizar suas decisões conforme a mesma vocalização do mercado, em um moto contínuo. A lógica do raciocínio é a de que se não há sustos, o modelo está correto, o risco é neutralizado e o sistema funciona. A mais valia, com certeza, é apenas um aperitivo nesse banquete regado a moeda escritural. No último episódio do Copom, sobressaiu também a tentativa dos banqueiros de se distanciarem da chamada -média de opiniões do mercado-, ou seja, a pesquisa Focus. O argumento ladino foi de que o Focus é feito por economistas. Subtraiuse a informação de que o Focus é feito por economistas que trabalham nos departamentos de pesquisa dos bancos, e que, portanto, ajudam a balizar a formação dos seus índices e taxas, e que tudo, ao final, servirá como uma rede de captura da Selic. O alarmismo pelo fato do BC com autonomia logo se mimetizou em uma tentativa de macular a autoridade monetária – no fim da tarde da última sexta-feira, já circulavam rumores de que tinha ocorrido insider sobre a taxa básica. Um economista bastardo do PSDB vestiu o capuz e disse que -pela primeira vez o BC não agiu com base no consenso do mercado-, o que poderia ser prafraseado com a afirmação de que o BC finalmente foi independente. O BC que as classes proletárias defendem é a autoridade monetária que não faz do mercado o seu opiáceo. Trabalhadores, uni-vos! Ass: -O Mouro-.

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