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Eleições

Há muitas perguntas sem resposta na busca do Google

29/04/2024
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A decisão do Google de cancelar qualquer propaganda de cunho político na plataforma Google Ads a partir de maio é considerada cheia de furos. Há quem levante dúvidas se o site poderá reproduzir ou não a íntegra ou trechos do programa eleitoral gratuito, assim como qualquer citação aos debates eleitorais, inclusive a realização deles. Outra é se estão vedadas as fotos pretéritas dos candidatos, tipo álbum de família ou fotos descontextualizadas da política.

Também não está claro se imagens da simples rotina do pleiteante aos cargos poderá ser postada ou não, a exemplo de fotos inocentes do seu cotidiano pessoal. E finalmente não se sabe os critérios dos algoritmos que farão a seleção das fotos proibidas e liberadas. Em síntese, pode ser tudo isso, ou nada disso.

A medida, por um lado, parece justa, pois reduz o impacto da variável dinheiro nas campanhas eleitorais. O fator impulsionamento no YouTube, que pertence ao ecossistema digital da holding Alphabet, assim como a replicação no Google, se tornou uma das armas de maior calibre nas disputas políticas. Por outro lado, exacerba a discussão sobre o direito à liberdade de expressão no país e fortalece as demais redes sociais como instrumento das campanhas eleitorais. E é importante apontar que os próprios vetos a imagens, com suas respectivas explicações do motivo da sua proibição, se a medida chegar a esse ponto, poderão ser usadas com objetivos políticos. Tecnicamente está longe de ser impossível.

Os Estados Unidos têm um departamento de controle que veda integralmente as publicações de qualquer natureza nos seguintes países: Crimeia, Cuba, Irã, Coreia do Norte, Síria, República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk. Não é difícil deduzir que os motivos dessa proibição são de caráter geopolítico. A tecnologia por razões políticas é usada nos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Nova Zelândia, Israel e Taiwan. Há discussões sobre a utilização de um fundo para financiar jornalistas que denunciem eventuais informações de caráter político.

Não seria uma espécie de macarthismo digital monetizado? Menos, bem menos, no final a pretensa censura deverá ficar restrita mesmo aos impulsionamentos. Ao que tudo indica, o case da inglesa Cambridge Analytica, banida após usar indevidamente dados de 87 milhões de usuários do Facebook para enviar material de campanha de Donald Trump, deixou algumas lições. A política de integridade, por enquanto, está somente vinculada ao Google e ao YouTube, que fazem parte do mesmo grupo. Mesmo que se trate de uma decisão de caráter privado, e atinja menos o conteúdo do que o próprio faturamento das empresas, é bem provável que seja levada à apreciação do TSE.

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