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Acervo RR
A Escelsa se tornou uma bola de pingue-pongue. A distribuidora de energia do Espírito Santo pula de um lado para o outro da mesa, batida e rebatida por seu próprio controlador, a EDP, que não se decide sobre o futuro da companhia. Nos últimos dois meses, houve duas reuniões entre executivos da estatal portuguesa e dirigentes da empresa capixaba para tratar do porvir da concessionária. No entanto, em vez de dissipar as nuvens que cercam a Escelsa, as conversas só aumentaram ainda mais a cerração. De acordo com uma alta fonte da distribuidora do Espírito Santo, uma parcela dos acionistas da EDP defende a venda imediata da companhia. Parte dos recursos amealhados no negócio seria investida na expansão do parque gerador do grupo no Brasil. O raciocínio é que esta operação valorizaria ainda mais o passe da EDP, justo no momento em que o governo português prepara o terreno para a venda de uma fatia do seu capital. No entanto, uma tropa de sócios minoritários da estatal, entre os quais se incluiria o Grupo Espírito Santo e a espanhola Iberdrola, dá suas raquetadas na direção contrária. Faz pressão para que a EDP não apenas permaneça com o controle da Escelsa como mantenha os investimentos na empresa. Rechaçada de um canto para o outro, a Escelsa sofre com a ambiguidade da EDP. Nos últimos meses, os aportes na empresa teriam sido significativamente reduzidos, seja em razão da crise econômica que assola Portugal, seja até mesmo por conta de uma disputa doméstica. Historicamente, a estatal lusa sempre deu prioridade a distribuidora paulista Bandeirante, seu maior negócio no país. Imaginem agora, com as notórias dificuldades em levantar recursos. A estiagem já estaria, inclusive, causando um mal-estar entre a EDP e o governo do Espírito Santo por conta do descumprimento de investimentos previstos no plano estratégico da companhia. Enquanto isso, a Escelsa entrou em estado de hibernação, com consequências diretas sobre seus resultados. No primeiro semestre deste ano, seu faturamento, de R$ 787 milhões, ficou praticamente estagnado em relação a igual período de 2010. Já o lucro caiu de R$ 106 milhões para R$ 90 milhões.
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