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Acervo RR
A Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord) transformouse em uma espécie de partido bolchevique das entidades representativas do mercado de capitais. Uma tropa de elite formada por corretoras independentes associadas a Ancord abriu fogo contra o comando da instituição, notadamente o presidente do Conselho de Administração, Manoel Felix Cintra Neto. O grupo de insurretos cobra do banqueiro uma posição mais firme na defesa dos interesses das instituições de mercado não vinculadas a grandes bancos. Há uma pressão para que Manoel Felix, ex-BM&F e um dos principais acionistas do Banco Indusval, use seu prestígio para negociar com o governo medidas capazes de evitar a inanição das corretoras de pequeno e médio portes, que têm perdido cada vez mais terreno para os grandes conglomerados financeiros. O alvo principal são os fundos de pensão. Hoje quase 80% das aplicações em renda variável das grandes fundações de ligadas a estatais estariam nas mãos dos 20 maiores bancos e corretoras do país. Procurada pelo RR – Negócio & Finanças, a Ancord negou qualquer divergência entre os associados em relação a esta questão. O conflito de classes entre peixes graúdos e espécies menores do mercado de valores descortinou um racha dentro da Ancord. As corretoras independentes gritam que -unidas, jamais serão vencidas- e exigem forte mobilização política da entidade junto a Fazenda e ao Banco Central. Alegam que o mercado financeiro está prestes a assistir a um inexorável processo de asfixia das pequenas e médias gestoras de valores, cuja consequência será a venda destas instituições na bacia das almas ou o fechamento em série de diversas empresas. Usam como principal bandeira a redução dos postos de trabalho no setor. Há estimativas de que nos últimos dois anos o contingente de corretores de valores demitidos cresceu 20%. Na visão das corretoras insurgentes, Manoel Felix teria decidido lavar as mãos para não se desgastar junto ao governo e aos grandes conglomerados financeiros que integram a Associação. Entre seus oponentes, o banqueiro carrega a fama de ter transformado a Ancord em um apêndice da BM&F Bovespa, a qual estaria hoje politicamente subordinada. Os grandes bancos acham que a batalha anunciada é igual a das Malvinas, que acabou tão logo começou. O saldo final seria os corretores sobreviventes se isolando e um gulag financeiro menor do que Niterói.
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