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GP Investimentos prepara seu remake no varejo

  • 19/07/2011
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No momento em que Abílio Diniz provoca um terremoto no varejo de dez pontos na escala Richter, um peso pesado da área financeira prepara seu retorno ao setor. Dez anos após a venda dos Supermercados ABC para o próprio Pão de Açúcar, a GP Investimentos planeja a compra de participações em empresas varejistas. O projeto foi tratado com ênfase nas duas últimas reuniões do Conselho de Administração da gestora de private equity. Prevê associações tanto com redes de supermercados e hipermercados quanto com lojas especializadas na venda de eletroeletrônicos. O alvo são empresas de médio porte, na maioria dos casos de atuação regional, que ainda não viraram refeição dos tubarões do setor. Por conta da maior vulnerabilidade destas companhias, a GP vislumbra a possibilidade de ter não apenas um naco maior do capital como também uma participação direta na gestão. A GP já iniciou um mapeamento de possíveis ativos com estas características. Entre os nomes mais cotados dentro da gestora de private equity, estão as redes de supermercados Zaffari, do Rio Grande do Sul, e Angeloni, de Santa Catarina – não por acaso, duas das empresas mais cobiçadas pelos grandes players do setor. Respectivamente, as duas companhias registraram no ano passado faturamento de R$ 2,4 bilhões e R$ 1,8 bilhão. A rede gaúcha tem 29 lojas. Já os catarinenses somam 22 pontos de atendimento. Com relação a redes especializadas em eletroeletrônicos, um dos alvos é a Lojas Cem, que tem 187 pontos de venda nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Há pouco mais de um ano, o Magazine Luiza abriu negociações para a compra da empresa, mas as conversas não evoluíram. No ano passado, a Lojas Cem faturou quase R$ 1,9 bilhão. O estado-maior do GP não tem boas lembranças de sua primeira incursão no varejo. Em novembro de 2001, foi obrigado a vender os supermercados ABC para Abílio Diniz pelo valor simbólico de R$ 1 mil ? na ocasião, a empresa somava dívidas superiores a R$ 150 milhões. Desta vez, o plano de voo é mais ousado. Acostumados a enxergar muito além das estrelas – embora, por vezes, acabem topando com astros cadentes, como é o caso das malsucedidas operações na San Antonio e na empresa de planos odontológicos Imbra – os astrônomos da GP Investimentos não miram seu telescópio apenas para o varejo. A ideia é aproveitar a associação com redes do setor para a oferta de outros produtos e serviços, utilizando o espaço físico dos pontos de venda. A GP enxerga enorme sinergia entre o setor varejista e outros negócios nos quais tem participação. Estandes para a venda de imóveis podem perfeitamente ser instalados em supermercados e, principalmente, hipermercados. Não custa lembrar que, recentemente, a gestora de private equity captou cerca de R$ 500 milhões para investimentos no mercado imobiliário. O mesmo poderia ser feito com relação a  oferta de pacotes turísticos da BHG, braço hoteleiro da GP.

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