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Brasil sopra para longe parte do gás boliviano

  • 3/06/2011
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Os tucanos vivem reclamando de Evo Morales, Hugo Chávez e cia. Mas foi o governo do PT que herdou dos tempos de FHC uma herança maldita: o contrato para o fornecimento de gás boliviano por meio do Gasbol. Contrato este, aliás, que está prestes a ser implodido. A batata incandescente caiu no colo de Edison Lobão e do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Ambos vêm mantendo conversações com o governo da Bolívia para uma revisão do acordo, que vence apenas em 2019. A decisão do governo é resultado de uma pressão ensurdecedora da Petrobras. José Sergio Gabrielli, uma espécie de ministro da Avenida Chile, tem usado de todo o seu poder junto ao Planalto para forçar uma série de mudanças no contrato com os bolivianos, considerado lesivo a  estatal. O acordo prevê a importação de 24 milhões de metros cúbicos por dia, volume acertado no fim da década de 90, quando o país sofria com a escassez na oferta de gás. Hoje, a demanda brasileira é de apenas 15 milhões de metros cúbicos/dia. Este número, no entanto, se reduzirá ano a ano, graças a  entrada em operação de novos campos de petróleo e gás no país, notadamente na camada do pré-sal, e a  instalação de unidades de regaseificação. Para 2019, a previsão é de que haverá necessidade de se importar menos de dez milhões de metros cúbicos diários. Nos três anos seguintes, esta demanda deverá cair a  metade, não obstante o potencial do pré-sal ainda ser uma caixa-preta. O governo brasileiro quer detonar pontos polêmicos do acordo. É contrário a  manutenção do modelo take or pay. Por este sistema, a Petrobras é obrigada a pagar pelo gás mesmo sem consumir integralmente o volume importado. O Brasil foi forçado a engolir esta cláusula em um período de extrema vulnerabilidade quanto a  oferta de gás. Gabrielli exige também a redução da quantidade mínima que a Petrobras é obrigada a comprar dos atuais 24 milhões de metros cúbicos para 16 milhões de metros cúbicos/dia, o que permitiria uma folga em relação a  atual demanda. Lobão e Patriota sabem que estão pisando em um braseiro. Evo Morales já sinalizou que vai lutar com unhas e dentes pela manutenção do sistema de take or pay. Além disso, quer condicionar a renegociação do contrato a  ampliação do seu prazo de validade em 30 anos, contando a partir de 2019. O governo brasileiro, no entanto, pretende arrancar um prazo de 20 anos a partir da data de eventual assinatura de um novo acordo.

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