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Petrobras vira a dona do gás no mercado paulista

  • 13/04/2011
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Para José Sergio Gabrielli, a Agência Estadual Reguladora de Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) não passa de uma poeira no caminho da Petrobras. O órgão sequer aprovou a aquisição da Gas Brasiliano e a estatal já ensaia uma nova investida no setor. Iniciou negociações com a BG para a compra de uma participação no bloco de controle da Comgás, a maior distribuidora de gás de São Paulo. Desta forma, a Petrobras se tornaria sócia de duas das três concessionárias do setor no estado ? a terceira é a Gas Natural. A companhia pretende adquirir metade da participação da BG na Comgás ? 87% das ações ordinárias ?, passando a dividir com os ingleses o controle da concessionária mediante um novo acordo de acionistas. A dupla investida vai causar polêmica. Uma vez nas duas distribuidoras, a Petrobras teria sob seu jugo a distribuição de gás para 552 municípios, 85% das cidades no estado. Atenderia ainda a uma população de 32,5 milhões, ou 80% do número de habitantes de São Paulo. Petrobras se mexe por cima, transformando a Arsesp em um mero detalhe. Desde fevereiro, a diretoria da estatal vem mantendo conversações com o governo de Geraldo Alckmin em relação a  investida sobre a Gas Brasiliano. Até o momento, tem sido encorajada a seguir em frente, mesmo com a inevitável concentração do mercado nas mãos da estatal. Enquanto a agência reguladora se agarra aos editais de privatização das três concessionárias, que impõe limites para a participação dos investidores, o governo do estado olha fixamente para o caixa da Petrobras. A entrada da estatal na Comgás e na Gas Brasiliano é promessa de investimentos a perder de vista. Só nos primeiros três anos, a companhia acena com aproximadamente R$ 2 bilhões para a ampliação da rede de dutos no estado. A Petrobras assume ainda o compromisso de manter as duas concessionárias independentes, com gestão e bloco de controle autônomos, o que, a rigor, não exigiria alteração nos contratos de concessão ? não obstante a concentração de mercado que se configuraria nas mãos da estatal. Esta não é a primeira vez que a Petrobras tenta desembarcar na Comgás. Já houve duas rodadas de negociação nos últimos três anos, mas a BG sempre demonstrou resistência. Desta vez, os ingleses devem se dobrar diante dos investimentos prometidos pela estatal ? pelo menos R$ 1 bilhão serão destinados a  Comgás.

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