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Acervo RR
O novo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, mandou para a gaveta o projeto de privatização da Sulgás, mas não os planos de reestruturação societária da empresa. A operação passa prioritariamente pela Petrobras, dona de 49% da estatal. Genro está disposto a usar de todo o seu prestígio junto ao governo federal para negociar a redução da presença da petroleira no capital da Sulgás. O objetivo é costurar a venda de parte das ações pertencentes a Petrobras a um novo sócio a fatia da estatal cairia para 25%. Já existem dois pretendentes ao negócio: a japonesa Mitsui, dona de participações em nove concessionárias estaduais por meio da Gaspart, e a OAS. Yeda Crusius, predecessora de Tarso Genro no Palácio Piratini, tentou um movimento similar em relação a Sulgás, mas faltou-lhe força política para seguir adiante. Até porque, ao que tudo indica, seu maior objetivo era aumentar a participação do estado no controle da distribuidora com vistas a futura privatização da empresa. Genro ressuscitou o projeto levado por outros motivos. A participação da Petrobras que já foi fundamental para viabilizar sucessivos investimentos na concessionária é vista hoje como uma amarra para a Sulgás. A estratégia da Sulgás acabou excessivamente vinculada aos interesses comerciais da estatal federal em aumentar ou reduzir a oferta de gás no estado de acordo com a demanda. Com isso, criou-se uma zona de fricção com o próprio governo estadual, que, apesar de majoritário, passou a ter sua posição de mando na Sulgás ameaçada pela presença de um sócio com o tamanho e o poder de fogo da Petrobras. Genro entende que é o homem certo no lugar certo, capaz de conduzir esta intrincada negociação com o governo federal. Tarso Genro vai ter mesmo de usar de toda a sua habilidade política para deslocar a Petrobras no capital da Sulgás justamente no momento em que a empresa se depara com um porvir promissor. Há projetos em andamento para a construção de cinco termelétricas a gás no Rio Grande do Sul, o que automaticamente dará um impulso a demanda pelo combustível. Além disso, o Brasil está prestes a deixar de ser importador para ser exportador de gás ao mercado argentino, o que alavancará a Sulgás.
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