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Acervo RR
Um dos mais arrastados imbróglios jurídicos do setor elétrico deve completar mais uma temporada. São cada vez menores as possibilidades de que AES, Duke Energy e o governo de São Paulo equacionem ainda neste ano o impasse em torno dos investimentos previstos no edital de privatização das geradoras Tietê e Cesp Paranapanema. A mais recente rodada de negociações entre os presidentes da AES Brasil e da Duke, respectivamente Britaldo Soares e Armando Henriques, e a secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, Dilma Pena, serviu apenas para deixar o acordo ainda mais distante. Os dois grupos ? que há mais de uma década postergam o aumento obrigatório de 15% na capacidade de seus parques geradores ? propuseram a construção de térmicas a gás para cumprir o edital. Apresentaram também um plano de investimentos, que está sob análise da Secretaria Estadual de Energia e da Justiça de São Paulo. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas no próprio governo paulista cresce a leitura de que a AES e a Duke Energy convidaram a todos para assistir a uma peça de teatro. A opção pelas termelétricas não passaria de uma conveniente encenação. Teria sido a forma encontrada pelos norte-americanos para ganhar tempo e driblar o edital mais uma vez. Isto porque a instalação das térmicas é a solução mais complexa e de difícil execução. Existem diversos entraves que jogam contra os planos da AES e da Duke Energy ? ou seria a favor? Os óbices ao projeto vão do suprimento de matéria- prima a venda da produção. Não existe garantia de que a Petrobras vá fornecer o gás necessário para as usinas. Há dúvidas também quanto a capacidade de transporte do insumo nos gasodutos da Gas Brasiliano. A decisão do governo federal de não realizar novos leilões de energia térmica neste ano também atrapalha. Por estas razões, no governo de São Paulo a percepção é que o impasse vai cair no colo do próximo morador do Palácio Bandeirantes. Melhor para AES e Duke Energy, que adiariam por mais algum tempo um investimento da ordem de R$ 3 bilhões. Oficialmente, todas as partes se esquivam de qualquer polêmica. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Secretaria de Saneamento e Energia de São Paulo garantiu que as negociações “seguem seu curso normal”. A Duke Energy informou que só se pronuncia sobre dados relevantes por meio de seus “canais oficiais, de acordo com as regras da CVM”. Já a AES Tietê não se manifestou até o fechamento desta edição.
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