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AES busca uma brecha entre os muros do BNDES

  • 9/07/2010
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A AES está disposta a queimar a energia que for necessária para equacionar, ou, ao menos, minimizar, o que considera o seu mais grave problema institucional no Brasil: a historicamente tortuosa, complexa, quase beligerante relação com o BNDES. O principal motivo para este trabalho de reaproximação é o novo planejamento estratégico do grupo para os próximos cinco anos. Os norteamericanos querem transformar a AES Brasil em uma empresa integrada de energia, com negócios em geração, distribuição, transmissão e até mesmo na produção de combustíveis renováveis, notadamente etanol. Pragmáticos como sempre, os norte-americanos estão tecendo uma ardilosa teia política com o objetivo de reconstruir sua capacidade de diálogo e entrada no BNDES. O lobby vai ser centrado em peças-chave de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. A AES busca interlocutores em comum, notadamente no próprio governo e no Congresso, capazes de atuar neste trabalho de reaproximação com o banco. Parte da premissa de que, direta ou indiretamente, todos os seus passos no Brasil estão amarrados ao BNDES. O epicentro é a Brasiliana, conturbada associação entre o banco e os norte-americanos que controla a AES Eletropaulo, maior distribuidora de energia da América Latina. A estratégia da AES para o país coloca novos ingredientes neste caldeirão. No cenário ideal, o grupo adoraria pendurar parte de seus futuros investimentos na própria Brasiliana, dividindo o risco com o BNDES. Os planos incluem a compra de concessões na área de transmissão e de usinas sucroalcooleiras ? um dos objetivos da AES é exportar etanol para o mercado norte- americano. O grande senão a todos estes projetos é a péssima imagem da AES dentro do BNDES, o que transforma qualquer tentativa de aproximação em um dos 12 trabalhos de Hércules. O problema não é nem o presidente do banco, Luciano Coutinho. Está na área técnica do banco, que nutre verdadeira aversão ao grupo. Os norte-americanos carregam a pecha de arrogantes, dissimulados e de sanguessugas do BNDES. A repulsa cresceu durante a gestão de Carlos Lessa, alimentada pela inadimplência da AES na rumorosa operação de financiamento para a compra de uma participação na Cemig. As tensas negociações em torno da Brasiliana só servem para colocar ainda mais pimenta na relação entre a AES e o banco. O pensamento hegemônico dentro do BNDES é que os norte-americanos devem sair da holding, abrindo caminho para a criação de uma grande empresa de energia de capital nacional.

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