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Acervo RR
A Cemig não para. A estatal voltou a carga sobre a Enel com o objetivo de comprar os ativos do grupo no Brasil, notadamente a distribuidora Ampla. A empresa segue uma estratégia diferente em relação a primeira investida sobre os italianos, no início do ano ? quando o então governador Aécio Neves chegou a ir a Europa para se encontrar com integrantes do board da Enel. Em vez da aquisição direta das subsidiárias do grupo no país, Cemig e Enel negociariam um acordo operacional envolvendo suas respectivas distribuidoras no Rio de Janeiro. Seria uma compra em capítulos. Light e Ampla criariam uma empresa voltada a aquisição de equipamentos, contratação de serviços de manutenção de redes elétricas e contratos conjuntos na área administrativa. A Cemig já teria, inclusive, esboçado cálculos sobre os ganhos financeiros decorrentes da operação. Esta joint venture funcionaria como uma ponte para a posterior entrada da Cemig no capital da Ampla, criando, desta maneira, uma grande distribuidora de energia integrada no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. A negociação abriria caminho ainda para a aquisição, em um segundo momento, das demais empresas da Enel no país, notadamente a cearense Coelce. Na Cemig, a parceria operacional entre a Light e a Ampla é vista como uma possibilidade de ganhar tempo e vencer a resistência de alguns acionistas da Enel a venda dos ativos no Brasil. A sinuosa estratégia de juntar agora e comprar depois funcionaria como um drible na barulhenta armada espanhola encravada no controle da Enel. O principal foco de oposição a venda de ativos no Brasil vem de um grupo de minoritários ligados a espanhola Endesa, comprada pelo grupo italiano em 2007. O próprio governo espanhol, que ainda tem certa ascendência sobre os antigos ativos da Endesa herdados pela Enel, também se opõe ao negócio. Segundo uma alta fonte do governo mineiro, Djalma Morais deverá ir a Espanha ainda neste mês para conversar com acionistas da Endesa. Não por acaso, desde os primeiros contatos com os italianos, o governo mineiro deixou a porta escancarada para a permanência da Enel como acionista minoritária da Ampla e de suas outras empresas no Brasil, uma forma de obter o apoio dos acionistas espanhóis.
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