Acervo RR

Bom Gosto enche o copo de desafetos

  • 2/07/2010
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A velocidade com que o empresário Wilson Zanatta, dono da Laticínios Bom Gosto, tem comprado ativos e devorado market share na indústria de laticínios é a mesma com que vem acumulando desafetos no setor. O acelerado crescimento da empresa gaúcha se tornou alvo de crescentes questionamentos por parte da concorrência, inclusive na esfera jurídica. Há dois focos de atrito: a política de preços da Bom Gosto, vista pelo mercado como predatória, e a desabrida predileção do BNDES pela companhia, que vem alimentando a insatisfação de outros grandes players do setor. . No primeiro caso, a empresa está no centro de uma batalha judicial. Os Sindicatos das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de Alagoas (Sileal) e do Ceará (Sindlaticínios) já entraram com uma denúncia no Ministério Público Federal de Pernambuco contra a Bom Gosto por supostas práticas de concorrência desleal. A companhia estaria trabalhando com preços abaixo da linha de cintura nos dois estados para deslocar mercado e sufocar produtores locais. Os sindicatos argumentam que há risco de fechamento de fabricantes de pequeno porte no Nordeste por conta da cáustica estratégia comercial da Bom Gosto. Além das entidades representativas, empresas da região também se mobilizam. É o caso do laticínio cearense Betânia, que estuda entrar com uma ação individual contra a companhia gaúcha. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Bom Gosto não se pronunciou até o fechamento desta edição. O problema não se restringe ao Nordeste e muito menos a empresas regionais. O RR apurou que uma das maiores fabricantes de laticínios do país prepara-se para acionar a Bom Gosto junto aos órgãos antitruste. O deep throath reuniu farta documentação e informações que comprovariam práticas de concorrência desleal por parte do laticínio gaúcho. A empresa estaria vendendo produtos abaixo do preço de custo em algumas áreas das regiões Sul e Sudeste. Atacado, Wilson Zanatta joga a bola para o outro lado da rede. Em recentes entrevistas a  imprensa, vem batendo na tecla de que o setor tem de rever suas margens de lucro e reduzir seus preços. Paralelamente, Wilson Zanatta está provocando uma crise de ciúmes na concorrência. É o ônus da privilegiada posição da Bom Gosto, que se tornou a queridinha do BNDES na indústria de laticínios. O banco tem sido o grande mecenas dos planos de expansão da empresa gaúcha, que fez sete aquisições nos últimos três anos. Nesse período, a companhia saiu do quarto lugar para a vice-liderança no ranking do setor, atingindo um faturamento da ordem de R$ 1,5 bilhão. Na condição de acionista da Bom Gosto, da qual detém 36%, nada mais natural que o BNDES financie o crescimento da empresa ? até porque faz parte da política do banco escolher cavalos vencedores nos diversos setores da economia. No entanto, esta predileção vem sendo cada vez mais contestada por outros laticínios. O descontente-mor seria a Itambé. A empresa está conduzindo um dos maiores projetos de consolidação societária do setor: a fusão com Centroleite, Confepar, Cemil e Minas Leite. Há conversações para que o BNDES ingresse no capital da nova empresa. No entanto, aos olhos destas companhias, o banco não estaria demonstrando muito apetite para participar do projeto. .

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