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BNDES entra em cena na Doux Frangosul

  • 16/11/2010
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As penas da Doux Frangosul podem acabar nas mãos dos BNDES _ e quem mais seria? Segundo alta fonte do Ministério da Agricultura, há entendimentos para que o banco compre uma participação na empresa, aporte este que seria condicionado a  normalização dos pagamentos aos fornecedores. Os constantes atrasos da companhia passaram a ser tratados praticamente como uma questão de Estado. Os governos federal e gaúcho temem que o problema possa se alastrar, trazendo a reboque uma crise sistêmica entre os pequenos e médios produtores de aves e suínos do Rio Grande do Sul. Boa parte deles mantém seus negócios em regime familiar. Sua sobrvivência seria uma justificativa mais do que plausível para o aporte do BNDES em um grupo francês. Se bem que de francês, a Doux já não tem muito. O Brasil é responsável por quase metade do faturamento global do grupo 1,3 bilhão de euros em 2009. O governo federal, mais precisamente o Ministério da Agricultura, tem sido pressionado a entrar em campo. A reivindicação dos produtores de aves e suínos gaúchos vem sendo verbalizada pelos dirigentes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul. Nos últimos meses, a Doux Frangosul voltou a atrasar o pagamento de fornecedores de animais para abate. Trata-se de uma relação que vem se esgarçando de forma mais acelerada desde o primeiro trimestre do ano passado, quando a empresa começou a postergar a quitação dos contratos. Em alguns casos, houve atrasos de até quatro meses. De lá para cá, a companhia chegou a adiar por três vezes a apresentação de um plano para o pagamento das dívidas acumuladas desde 2009. No início deste mês, propôs aos produtores que façam empréstimos nos valores equivalentes aos seus créditos em bancos indicados pela própria empresa. A Doux se compromete a ser a avalista da operação. A proposta, no entanto, foi vista com ressalva pelos ressabiados credores. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a companhia confirmou que ofereceu a solução do empréstimo bancário com garantia da Doux Frangosul. Sobre a negociação societária com o banco, nenhuma linha. O mais inusitado é que a Doux tem uma operação rentável no país. No ano passado, o lucro foi superior a R$ 80 milhões. No entanto, a subsidiária tornou-se uma espécie de arrimo de família dos franceses. Parte expressiva dos resultados no país vem sendo remetida a  matriz para compensar a modesta performance da empresa em sua terra natal. No ano passado, a receita da Doux na França caiu 33%. O dinheiro vai, mas não volta. Os franceses cortaram substancialmente os investimentos no Brasil.

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