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Brasil Foods guarda seu futuro no freezer

  • 5/11/2010
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No calendário de José Antonio Fay, presidente da Brasil Foods (BRF), o ano de 2011 é um ponto distante e ainda nebuloso. Fay é hoje um executivo de braços atados, que não consegue exercer o poder que lhe foi delegado pelos fundos de pensão acionistas do grupo. A demora do Cade em aprovar a fusão entre a Sadia e a Perdigão engessou o planejamento estratégico da companhia. Novembro já chegou e diversas unidades de negócio da BRF ainda não têm um plano de voo definido para o próximo ano. Investimentos, projetos de expansão e campanhas publicitárias foram para o freezer, a  espera de uma sinalização do órgão antitruste. Entre as unidades de negócio da BR, uma das principais atingidas é a Batavo/Elegê, ponta de lança do grupo no mercado de laticínios. Duas aquisições no setor que estavam engatilhadas foram suspensas. A Batavo também comunicou ao Flamengo que não vai renovar o acordo de patrocínio com o clube, no valor de R$ 25 milhões. O contrato, que vence em dezembro, foi uma das maiores ações de marketing da BRF neste ano. A decisão está diretamente vinculada ao imbróglio jurídico que cerca a associação entre Sadia e Perdigão. No relatório enviado ao Cade, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) incluiu a Batavo entre as “marcas de combate” que deverão ser vendidas para a aprovação da fusão. José Antonio Fay foi dormir com a certeza de que dirigiria um dos maiores grupos industriais do país e acordou como uma ilha cercada de pontos de interrogação. O que fazer, por exemplo, com a linha de margarinas, um dos negócios mais visados pela Seae e pelo Cade? Donas de brands como Qualy, Doriana e Becel, Perdigão e Sadia detêm 63% das vendas no país. Um caso ainda mais delicado é o da divisão de pizzas congeladas, no qual o market share beira os 70%. Todas estas divisões ainda preservam as estruturas administrativas e equipes de venda tanto da Sadia quanto da Perdigão, um gasto que a BRF já gostaria de ter ceifado há um bom tempo. Estima-se que o corte de despesas operacionais apenas nas áreas de margarina e congelados seria de até 40% caso o Cade já tivesse aprovado a fusão. Do muro para fora, os dirigentes da BRF mantêm o discurso conciliador. Em entrevistas recentes, o próprio José Antonio Fay negou a intenção da empresa de entrar na Justiça para acelerar o processo no Cade. Do portão para dentro, o clima é de contencioso. Armados para todos os cenários possíveis, os advogados da companhia estudam mecanismos para agilizar o julgamento ou contestar uma eventual decisão desfavorável.

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