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Gas Natural monta um quebra-cabeça de espinhos

  • 4/11/2010
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O espanhol Sergio Aranda Moreno, nº1 da Gas Natural Fenosa na América Latina, acredita estar purgando todas as suas culpas. Aranda vem sofrendo para montar um quebra-cabeça com peças que teimam em não se encaixar. O puzzle em questão é a reestruturação societária do grupo no Brasil, leia-se a criação de uma holding que enfeixará todas as suas subsidiárias locais CEG, CEG Rio e Gas Natural São Paulo. Por ora, o que existe é o croqui de um paletó apertado demais para vestir os interesses dos espanhóis e de seus principais sócios, a Petrobras e o BNDES. Os primeiros capítulos das negociações, conduzidas por Aranda, teriam sido marcados por discordâncias. Petrobras e BNDES não estariam de acordo com o modelo proposto pelos espanhóis. Por trás da resistência há um duelo de forças em torno das futuras participações na nova empresa-mãe. A Gas Natural não tem dúvidas de que a reestruturação vai sair. Ponto. O problema é quando e como. A complexidade reside na costura das pequenas teias societárias que hoje enredam as subsidiárias do grupo no Brasil. Cada distribuidora tem seus sócios e seus percentuais próprios, o que dificulta o cálculo de uma conta de chegada. Na CEG, os espanhóis controlam 53% e o BNDES detém 35%. Na CEG Rio, a participação dos sócios controladores é de quase 60%. Neste caso, o segundo principal acionista é a Gaspetro, com 37%. Pelos primeiros esboços do projeto, tanto o banco de fomento quanto a subsidiária da Petrobras teriam uma participação inferior a 30% na nova empresa. Por fim, ainda há sobre a mesa os interesses da Pluspetrol, minoritária da CEG e da CEG Rio. O grupo argentino só tem olhos para a porta de saída. Quer saber como e onde poderá usar a reestruturação para vender suas participações nas duas distribuidoras. A rigor, em toda esta história, o único caso simples é o da Gas Natural São Paulo, integralmente controlada pelos espanhóis. Ressalte-se ainda a disposição da Gas Natural de jogar mais um gato dentro deste balaio societário. Os espanhóis querem aproveitar a criação da holding para atrair um novo sócio, seja um grupo da área de energia, seja um fundo de investimento, que ficaria com até 20% do capital. A chegada deste quarto elemento forçaria uma diluição ainda maior da participação do BNDES e da Gaspetro. Ambas tentam barrar esta possibilidade, cada qual por motivos diferentes. A Gaspetro pretende manter seu grau de ingerência sobre a distribuição de gás no Rio de Janeiro. O BNDES, por sua vez, tem interesse em preservar o máximo que puder da sua fatia já mirando na posterior venda das ações.

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