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Acervo RR
A história do casamento entre Aécio Neves e Sergio Andrade ainda está por ser contada. Trata-se de um enredo dissimulado, conforme a melhor tradição mineira, na qual o que parece que é não é, e vice-versa. Os dois, diga-se de passagem, não cabem na concepção formal do que é uma sociedade. Não são sócios de direito, mas são sócios de fato. Amigados na Cemig, empresa que parece privada, mas é pública, pretendem fazer um arrastão no setor elétrico. Sinuosos são os caminhos traçados nas Gerais. Aécio e Andrade jogam de dupla de ataque na Cemig, só que com camisas de times diferentes. Sob as bênçãos de Aécio Neves, Cemig e Andrade Gutierrez preparam seus próximos passos no setor elétrico. Um dos alvos da dupla é o Grupo Rede. A estatal e a empreiteira estudam uma oferta conjunta pelo controle da companhia, pertencente ao empresário Jorge Queiroz de Moraes Junior. Levando na garupa Sergio Andrade, a Cemig pularia de R$ 18 bilhões para quase R$ 25 bilhões de faturamento anual. Entraria ainda em quatro novos estados ? Pará, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O Grupo Rede é apenas um aquecimento. Cemig e Andrade Gutierrez, ou melhor, Aécio Neves e Sergio Andrade miram em um alvo de proporções ainda maiores: a Brasiliana, dona da AES Eletropaulo, a maior distribuidora de energia da América Latina. A aquisição seria o passaporte para o desembarque da estatal mineira, e seu sócio privado, no mercado paulista. Trata-se de uma operação complexa, cheias de interesses políticos, e que depende ainda de um acordo entre o BNDES e a AES, que dividem o controle da Brasiliana. Articulação política, no entanto, não é um problema para Sergio Andrade, que, além do estreito relacionamento com Aécio Neves, é um dos empresários mais próximos do presidente Lula. Além disso, ter Aécio por perto aumenta ? e muito ? as chances de sucesso na investida. Não custa lembrar que foi justamente o ex-governador mineiro que aparou as arestas com os norte-americanos e o BNDES e costurou a operação cruzada que permitiu a entrada da Andrade Gutierrez no capital da Cemig, com uma participação de 14% ? negociação formalizada em janeiro. Em tempo: as relações entre Aécio e Sergio Andrade são tão curvilíneas que permitem até uma inflexão fora do setor elétrico. Com o imprimatur do sócio simbólico, a Andrade Gutierrez negocia a compra de 20% da Gasmig. Esta mistura cada vez mais homogênea entre Cemig e Andrade Gutierrez é resultado de uma intrincada teia política, empresarial e, até mesmo, afetiva tecida ao melhor estilo mineiro. Um dos elos que fortaleceu ainda mais as relações entre Aécio Neves e Sergio Andrade é a‚ngela Gutierrez, filha de Flavio Gutierrez, um dos fundadores da construtora. a‚ngela, que sempre cultivou uma trajetória discreta dentro do grupo, passou a ter uma presença mais ativa a partir de 2006, com a morte do irmão, Roberto Gutierrez. Entrou no Conselho de Administração da Andrade Gutierrez e, desde então, tem se notabilizado pela habilidade com que circula pelos mais concorridos salões das alterosas. a‚ngela é muito próxima de Andréa Neves, irmã de Aécio, que acumulou poder e prestígio político durante o seu governo. Assim é Minas: a‚ngela ama Andréa, que ama Aécio, que ama Sergio…
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