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Acervo RR
Nem tudo é o que parece ser no mosaico de nomes apontado, desde já, como pule de dez para um eventual governo de Dilma Rousseff. Personagens aparentemente fora do jogo e que, até agora, permanecem na penumbra da campanha são fortes candidatos a deslocar o centro de poder e tomar o espaço supostamente destinado a estrelas de primeira grandeza. É o caso da tríade Erenice Guerra, atual titular da Casa Civil, Miriam Belchior, coordenadora do PAC, e Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras ? jocosamente tratadas no núcleo de campanha do PT como as “Dilmetes”. Além da fama de competentes que as cerca, o trio tem um ativo valioso, capaz de fazer diferença na hora H da montagem dos quadros de governo: são histórica e afetivamente ligadas a Dilma. Ou, como diz uma fonte do primeiríssimo escalão da campanha petista, todas elas podem ouvir uma carraspana em alto bom som de Dilma sem qualquer resquício de mágoa ou ressentimento. Ao contrário das “Dilmetes”, alguns blockbusters, tratados por analistas políticos e pela mídia como favas contadas para a equipe de governo de Dilma Rousseff, não têm, nem de longe, um grau de afinidade tão estreito e orgânico com a candidata. Os principais exemplos são Antônio Palocci, Luciano Coutinho e Henrique Meirelles. Dilma os enxerga como curingas, e não necessariamente como ases com lugar cativo no governo. No caso de Palocci, a aproximação com a candidata é resultado de um oportunismo eleitoral, no bom sentido. Ele se tornou um nome imprescindível para a campanha, mas, talvez, não para o governo. Dilma considera que é bom tê-lo por perto, mas não obrigatoriamente em um posto-chave. O mesmo se aplica a Luciano Coutinho, visto como favorito para a Fazenda. Com a ressalva de que Coutinho vem construindo, nos últimos anos, uma relação bem mais próxima de Dilma Rousseff. Outra diferença entre ambos. Ao longo de sua gestão na Fazenda, Dilma fez várias críticas públicas a Palocci. Nunca se ouviu o mesmo em relação a Coutinho. Henrique Meirelles, cotado para um tricampeonato no comando do Banco Central, é outro que carece de maior familiaridade com Dilma Rousseff. Informações filtradas junto ao comando de campanha do PT apontam José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa como nomes, no momento, mais bem posicionados na corrida pelo cargo. Ambos, aliás, notadamente Lisboa, surgem como possíveis contribuições do próprio Palocci. Seria uma forma de o ex-ministro participar do governo, senão de corpo presente, ao menos em pensamento. No que depender da vontade de Dilma Rousseff, seu governo tem tudo para ser um matriarcado. A distribuição dos cargos ainda é um jogo a ser jogado, mas Erenice Guerra, Mirian Belchior e Maria das Graças Foster são peças das quais Dilma não abre mão. Erenice é vista como a Dilma da Dilma, ou seja, nome talhado para a própria Casa Civil. Outra possibilidade seria sua ida para a Chefia de Gabinete da Presidência, lugar hoje ocupado por Gilberto Carvalho. Miriam Belchior é candidata a uma vice-presidência do BNDES. Graça Foster, por sua vez, seria um nome forte para a Petrobras, ainda que sua indicação enfrente forte resistência entre os funcionários da estatal. Graça não é conhecida exatamente pelo jogo de cintura que o cargo exige.
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