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Acervo RR
Shell, British Gas (BG), Petrobras e Cosan querem ser as quatro irmãs do gás em São Paulo. O quarteto articula uma operação capaz de criar uma super-concessionária, com faturamento anual de R$ 7 bilhões e atuação em mais de 550 municípios paulistas. A engenharia tem como objetivo promover a fusão da Comgás ? da qual Shell e BG são acionistas ? e da Gas Brasiliano, colocada a venda pela italiana Eni. A associação entre as duas concessionárias se consumaria a partir de uma operação cruzada, dividida em três atos. No primeiro deles, Petrobras e Cosan entrariam de mãos dadas na disputa pela Gas Brasiliano. Uma vez vencedora, a dupla desembarcaria no capital da própria Comgás, funcionando como elo para a posterior fusão entre as duas distribuidoras ? o terceiro e último ato da operação. Os dados ainda estão rolando no duelo pela Gas Brasiliano ? Cemig, Mitsui, Prisma Energy e um fundo do banco Santander também são candidatos a aquisição. No entanto, entre as “quatro irmãos do gás” já existe um esboço para a execução do projeto caso Petrobras e Cosan fechem a compra da distribuidora controlada pela Eni. Tanto Shell quanto BG, maior acionista da Comgás, estão dispostas a transferir parte de suas ações para o novo controlador da Gas Brasiliano. Petrobras e Cosan passariam a ter até 30% do capital. A Shell reduziria sua participação de 8% para 3%. Já a BG recuaria de 87% para algo em torno de 62%. A fusão entre Comgás e Gas Brasiliano seria consumada por meio de uma troca de ações entre os quatro grupos. Este modelo cruzado pode ser um facilitador para a fusão entre as duas distribuidoras do ponto de vista regulatório. A negociação tem de passar pelo crivo da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Com a presença prévia de Petrobras e Cosan no capital tanto da Comgás quanto da Gas Brasiliano não se configuraria uma troca de controle em qualquer uma das duas empresas. Faltaria apenas combinar com o Cade. Juntas, as duas concessionárias dominariam aproximadamente 80% da distribuição de gás em São Paulo. A operação enfeixa interesses estratégicos de seus quatro protagonistas. Há tempos a Petrobras procura uma porta para entrar na distribuição de gás em São Paulo. Por mais de uma vez, tentou comprar uma participação na própria Comgás. Pelos lados da Cosan, a decisão de investir no setor está vinculada a associação com a Shell. Dificilmente, a empresa entraria na disputa pela Gas Brasiliano se não tivesse a escolta dos anglo-holandeses. Por sua vez, a BG e a própria Shell, que já têm uma posição privilegiada no setor, se tornariam sócias de uma operação ainda maior.
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