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Telegringos colhem lucros e semeiam desemprego

  • 9/03/2015
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As operadoras de telefonia estrangeiras estão correndo contra o relógio do câmbio e do ajuste fiscal. A ordem é acelerar as remessas de lucro para as respectivas matrizes antes que as circunstâncias devorem parte dos resultados. Como se não bastasse a crescente desvalorização do real, que joga contra as multinacionais no momento da conversão da derrama, preocupantes ruídos chegam de Brasília. Despiste ou não, o governo tem deixado vazar a informação de que estuda criar um imposto sobre royalties e sobre a transferência de lucros ao exterior. Os gringos da telefonia não estão dispostos a pagar para ver e apertam o passo não apenas para antecipar a transfusão de recursos como também para aumentar a última linha de seus balanços. Neste caso, dispõem de um expediente eficaz: aumentar a rentabilidade a  custa do sangue dos trabalhadores, com suas costumeiras levas de demissões. O RR teve acesso a informações que corroboram esta prática. Nos últimos dias, a Embratel, uma das controladas de Carlos Slim no Brasil, demitiu cerca de 60 executivos, notadamente gerentes de contas. A porta da rua permanece escancarada: uma nova temporada de cortes está programada para abril. Na Telefônica, o Dia D é 20 de março, quando deverá ser anunciada uma curiosa mudança no alto-comando da companhia. O executivo que comprou, tudo indica, perderá o lugar para aquele que foi “comprado”: sai Paulo Cesar Teixeira, diretor geral do grupo, e entra Amos Genish, fundador e CEO da GVT, recém-adquirida pelos espanhóis. Egresso da antiga Telesp, Teixeira, ao que parece, perdeu a queda de braço com o desafeto Antônio Carlos Valente, diretor-presidente da Telefônica Brasil. Na empresa, no entanto, os olhos estão todos voltados a quem chega e não a quem vai. Segundo uma fonte ligada a  companhia, o cartão de visitas de Genish será uma navalha. A operadora também anunciará muito em breve uma fornada de demissões no país. Procurada, a Telefônica disse “desconhecer as informações”. Historicamente, é assim que as operadoras controladas por grupos estrangeiros têm conseguido manter um Ebitda nunca inferior a 20% e, dessa forma, assegurar o caminhão de recursos remetidos a s matrizes. Nesse quesito, a Telefônica é praticamente imbatível: entre 2009 e 2013, enviou cerca de R$ 13 bilhões em dividendos para a Espanha. As empresas de Carlos Slim, por sua vez, não divulgam o montante de lucros expedido ao acionista controlador. Seus resultados sugerem um repasse mais modesto, mas, ainda assim, nada desprezível. No mesmo período, Embratel e Net registraram ganhos, respectivamente, de R$ 3,6 bilhões e R$ 2 bilhões. A conta só não é maior devido a  péssima performance da Claro, especialmente nos últimos três anos, quando acumulou mais de R$ 2 bilhões em prejuízos. O artifício de aumentar as margens de lucro graças aos seguidos cortes de custos com pessoal só aumenta a antipatia e a má vontade do governo em relação a s operadoras forasteiras. Mesmo por que, por vias indiretas, estas empresas tornaram- se mestres na expatriação de dinheiro da própria Viúva. Entre 2009 e 2014, o BNDES emprestou cerca de R$ 18 bilhões para as operadoras de telecomunicações, valor equivalente a 20% de todos os investimentos anunciados pelo setor no período. O acesso a juros subsidiados sempre trouxe uma folga a s empresas estrangeiras, mas não aos seus empregados.

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