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A abertura da caixa de Pandora da Petrobras e a descoberta dos malfeitos ali depositados são, ao mesmo tempo, sintoma e sequela de uma patologia nacional que alcançou proporções epidêmicas no governo Dilma: a falta de transparência, notadamente na gestão pública. O Estado brasileiro é uma companhia aberta, com 200 milhões de acionistas, que não publica balanço. O governo é o primeiro a dar o exemplo. No ano passado, um período pródigo em exposição para os seus padrões, Dilma Rousseff proferiu 147 discursos, concedeu 33 entrevistas e assinou 47 notas oficiais – os números do Portal da Presidência, ressalte- se, incluem apenas as comunicações no exercício do cargo, expurgando, até onde isso é possível, os atos de campanha. Em 77% dos pronunciamentos conferidos pelo RR, Dilma entediou a plateia com a mesma música, entoando repetidos dados monotemáticos sobre os resultados das políticas sociais no agregado dos governos petistas, anunciando obras – em grande parte, não realizadas – ou falando sobre a perseguição das elites. Apenas em 23% de seus pronunciamentos, a presidenta tratou com ênfase de temas prementes para a agenda nacional, como juros, política fiscal, benefícios trabalhistas, crise hídrica, racionamento de energia, resultados das contas públicas etc. O que disse foi vergonhosamente desmentido pela realidade. Se Dilma Rousseff assinasse um balanço financeiro, levaria uma multa da CVM e as demonstrações contábeis do seu governo seriam suspensas por imprecisão ou improbidade. Pois bem, depois de se pronunciar de forma claudicante ou mesmo fraudulenta, a presidenta não aproveitou nenhuma das oportunidades imediatamente posteriores para explicar as afirmações inverossímeis. Em apenas 6% das suas comunicações, ela voltou aos assuntos críticos tratados anteriormente. E o fez não para prestar contas sobre a mudança das circunstâncias, mas para sustentar que os problemas inexistiam ou havia exagero e manipulação na extensão da sua gravidade. É importante ressaltar que o RR deu um desconto e não se deteve aos pronunciamentos sobre assuntos como o “mensalão” ou a Operação Lava-Jato. Os números falam por si: os 147 discursos de Dilma correspondem a cerca de 1,5 milhão de caracteres com espaços, ou seja, noves fora os agradecimentos praticamente o mesmo número de caracteres do livro “O Capital”, de Thomas Piketty, obra do século sobre a redistribuição de renda. A mais criteriosa demonstração de dados foi o “Balanço da Copa do Mundo”, aquela que perdemos de 7 x 1, com 10 mil caracteres. O maior discurso foi feito no lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, com 20 mil caracteres. Do total, algo em torno de 345 mil letras e espaços, correspondentes exatamente a 23%, foram gastos com dizeres que mereceriam ser lançados como prejuízo se a linguagem fosse a das demonstrações financeiras. O número de explicações sobre os desmentidos que a realidade acusaria é residual. Nem sequer merece ser citado em volume de caracteres. Assim que assumiu o Gabinete Civil no governo Lula, Dilma Rousseff acenou com um nível maior de transparência, com a criação de um sistema de acompanhamento dos projetos do PAC quase em tempo real. O “Pacômetro”, no entanto, empacou – como, aliás, muitos dos projetos contidos no PAC. Na Presidência, Dilma exacerbou o desprezo pela prestação de contas e veracidade das informações. Teme-se que tenha viciado o país na escuridão de si próprio. E na omissão de seus governantes.
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