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Acervo RR
Surgiu um fato novo no tabuleiro do setor elétrico. Na semana passada, a AES apresentou ao BNDES uma proposta oficial para a compra da participação do banco na Brasiliana, controladora da Eletropaulo e da AES Tietê. A oferta gira em torno de R$ 4 bilhões. Os norte-americanos propuseram pagar metade deste valor a vista e o restante em parcelas semestrais durante um período de cinco anos. A negociação com o banco tem sido conduzida pelo próprio presidente da AES no Brasil, Britaldo Soares. Sua missão é complexa. Britaldo tem não apenas de costurar uma operação exequível como dobrar a política do BNDES de consolidação de diversos setores da economia em grandes grupos nacionais. Olhando-se apenas pelos critérios ideológicos, o banco não quer a venda para a AES. Até certo ponto, a investida é um movimento surpreendente da AES. O declarado interesse do grupo norte-americano na participação do BNDES sempre soou como blefe aos ouvidos da própria diretoria do banco. A leitura hegemônica é que a companhia vinha fazendo jogo de cena para pressionar a agência de fomento a adquirir as ações da Brasiliana ou encontrar um comprador externo. Pode ser cisma ou birra, mas no BNDES ainda há quem duvide que a AES permanecerá na holding por muito tempo mesmo após comprar o controle integral. O discurso oficial da AES vai na mão contrária. Os norte-americanos pretendem mostrar ao mercado brasileiro que a temporada de contenção de investimentos e venda de ativos passou. A mudança de rota pode ser atribuída a recente associação com o fundo soberano chinês, que despejou US$ 2 bilhões para a compra de 15%do grupo. A ordem é expandir os negócios no Brasil, considerado o mais importante mercado do grupo fora dos Estados Unidos. Em recente conversa com um importante executivo do setor elétrico, Britaldo Soares reafirmou que a AES pretende usar a Brasiliana para a compra de distribuidoras e geradoras no país. O plano é dobrar a capacidade de geração para cinco mil megawatts.
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