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Quem diria que a corrupção poderia ser o fermento para a aliança entre capital e trabalho? A farinha do bolo é a inação do governo, que deixa a paralisia das obras como está para ver como é que fica. E a Petrobras é o jiló, no lugar da cereja. Avança em medidas de moralização que ferem o seu próprio ventre. Estamos falando da proibição das 23 empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato de participarem de novos editais de licitação e da reserva de mercado para empresas estrangeiras se candidatarem a construção dos equipamentos da indústria naval, ambas da lavra da Petrobras. Leia-se, com o patrocínio do governo, que ruge para a plateia, mas somente morde o próprio pé. Resultado da opereta: trabalhadores e empresários, uni-vos, que como está não pode ficar. As empreiteiras e a cadeia de fornecedores da Petrobras já aguardam o reforço dos empregados, que prometem entrar em cena. A CUT, Força Sindical, Confederação Nacional dos Metalúrgicos e a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção organizam uma reunião para os próximos dias que poderá desembocar em um movimento de paralisação para protestar contra a charlatanice, que promete assepsia, mas trará o desemprego e a ruina de indústrias nacionais. Trabalhadores da indústria automobilística e eletricitários aumentam o cordão dos desesperados. Tanto barulho não é para pouco. O deputado Bebeto Galvão, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção denuncia que estão prestes a serem demitidos 100 mil trabalhadores. Para se ter uma ideia do que significa esse número, somam 300 mil trabalhadores, inclusive terceirizados, o contingente que atua a serviço da estatal. O Comperj, com 81% já concluído, está mandando para casa cinco mil empregados. É demissão para tudo quanto é gosto e feitio. A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, mandou embora sete mil trabalhadores; a Iesa, no Rio Grande do Sul, 1.000; a Galvão, 1.000; a Engevix, 500; o Estaleiro Enseada do Paraguaçu, 1.000; a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados, 3,5 mil; e por aí vão muitos outros. A ausência de um acordão que permita desatar os nós da Operação Lava-Jato pode levar o setor de infraestrutura a potencializar a cada vez mais provável recessão conduzida por Joaquim “Mãos de Tesoura”. A diferença é que os cortes esterilizantes no custeio cicatrizam, já os cortes nos investimentos gangrenam. Corre-se o risco de retrocesso de uma das grandes conquistas das últimas décadas, que é o programa de concessões. A opção pela penitência moral em detrimento do custo social leva a crer que o governo optou mesmo por jogar o bebê fora junto com a água suja da bacia.
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