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Noble Group enterra cada vez mais dinheiro no Brasil

  • 6/01/2015
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O Noble Group, de Hong Kong, tornou-se uma máquina de esfarelar dinheiro no Brasil. Erros estratégicos e investimentos desastrosos, somados a  erosão dos preços das commodities agrícolas e minerais, lançaram o grupo asiático em uma espiral de prejuízos no país. As perdas acumuladas nos últimos dois anos já seriam da ordem de R$ 1,5 bilhão. Parte expressiva dessa conta vem do setor sucroalcooleiro. As quatro usinas de açúcar e etanol do Noble Group em São Paulo têm operado com seguidos resultados negativos. Na área de grãos, o principal negócio da companhia, o cenário é igualmente desolador. Entre janeiro e setembro de 2014, o volume de embarques teria recuado 30% na comparação com o mesmo período no ano anterior. O faturamento, por sua vez, girou em torno de US$ 1,5 bilhão, queda de 20%. A tendência é que estas cifras piorem em 2015. O preço da soja atingiu o menor patamar desde 2010, pressionado, sobretudo, pelo boom nos estoques mundiais – só a produção norte-americana cresceu 20% na última safra. No caso específico do Brasil, o buraco nas finanças do Noble Group vai além do inexorável impacto causado pela depreciação das commodities. Entram nesta conta as equivocadas decisões de investimento no país, que, dentro da própria companhia, são, em grande parte, atribuídas a  gestão do brasileiro Ricardo Leiman – o executivo ocupou o cargo de CEO mundial do grupo entre 2009 e 2011. Um exemplo é a compra das duas usinas de açúcar e álcool do Grupo Cerradinho em Catanduva e Potirendaba, no interior de São Paulo. Em 2010, na ânsia de montar uma base de produção de etanol no país e temeroso de perder a disputa com a BP e a Cosan, também candidatas ao negócio, o Noble Group desembolsou cerca de US$ 1 bilhão. Além de um caminhão de dívidas, herdou duas usinas com sérios problemas operacionais, que exigiram um investimento de US$ 400 milhões, dinheiro que os asiáticos não devem recuperar tão cedo. Se serve de consolo, recentemente o Noble Group vendeu para a chinesa Cofco uma participação de 51% da Noble Agri, que reúne suas operações no agronegócio, inclusive na área sucroalcooleira. Ao menos terá com quem dividir os prejuízos nos canaviais brasileiros. Outro caso que ilustra a vocação do Noble Group para torrar dinheiro no Brasil envolve a compra de 30% da Mhag, dona de jazidas de minério de ferro no Rio Grande do Norte. O valor incinerado nem foi tão grande assim: cerca de US$ 60 milhões. No entanto, os asiáticos compraram cascalho por minério. Os planos da mineradora potiguar de produzir dois milhões de toneladas por ano jamais saíram do papel. Os investimentos anunciados na área de logística, idem, Hoje, a Mhag praticamente suspendeu suas operações e, diretamente, mantém apenas oito empregados.

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