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O futuro ministro Joaquim Levy terá de enfrentar cada dia como se fosse um desafio sempre maior. Sua estreia se dará em um clima bem menos festivo do que o do anúncio da sua escolha. Na partida, Levy vai se defrontar com a deterioração do cenário econômico interno e mundial, o que ameaça o gradualismo prometido pelo ministro nas políticas monetária e fiscal. O buraco nas contas da Petrobras, a pressão para o rebaixamento do rating do Brasil, o apocalipse russo, a percepção de que as reservas cambiais não são tão altas assim frente aos novos dilemas, entre outros, empurram Joaquim Levy para uma gestão mais dura do que a anunciada quando dos seus primeiros pronunciamentos. Por exemplo: as demandas fiscais da combalida Petrobras exigirão alguma correção para a meta de superávit primário, da ordem de 1,8%, ou, então, um corte de gastos mais duro, combinado com o carreamento de novas receitas. As taxas de juros de 17% aplicadas pela autoridade monetária russa podem acabar balizando, por meio de um efeito gravidade, a nossa Selic, que, em vez de chegar aos 13% projetados até meados do ano, seria levada aos píncaros de até 15% no mesmo período. O câmbio oscilaria como uma biruta, batendo R$ 3,50 em março, e já no primeiro trimestre a previsão para o PIB do ano – fala-se até em queda de 1,5% – seria negativa com viés de baixa. Para evitar essa situação, Levy teria de endurecer, mas sem ternura ne- nhuma. As adversidades são monumentais. A primeira: formar uma equipe não tem sido fácil. O futuro ministro já recebeu três recusas para o cargo de secretário do Tesouro. Dois economistas de São Paulo igualmente não aceitaram o convite para outras funções. Especula-se que Levy buscará na Fundação Getulio Vargas o suporte para a equipe, usando não só seus quadros, mas também o engajamento da própria instituição, que funcionaria como adviser da Fazenda. Outro trabalho de Hércules será conviver com os dois governos que se digladiam no poder. Joaquim Levy tem um pé no governo Lula, mas responde ao governo Dilma, ela mesma pouco afeita ao seu receituário. Imagine se Aloizio Mercadante, prócer do time de Dilma, vai facilitar o trabalho de Levy? A festa dos mercados com o nome de Joaquim Levy durará pouco quando o torniquete for apertado. Balela também que a banda da PUC-Rio vai apoiar o futuro ministro. Os mais amigos – Armínio Fraga, Edmar Bacha et caterva – têm um projeto de poder. Irão metralhá-lo na primeira hora de fragilidade. Também não haverá moleza com Nelson Barbosa no Planejamento, promessa de uma versão menos ilustre do tango dançado entre Mario Henrique Simonsen e Delfim Netto. Joaquim terá de estar acima de todas as expectativas, tornar- se um homem bafejado pela fortuna, com a fúria de um cavalo bucéfalo. Feliz Ano Novo, futuro ministro da Fazenda: os que vão morrer te saúdam!
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