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Alguém acha que Dilma Rousseff está demorando para indicar o ministro da Fazenda? Esperem, então, pela Petrobras. A piada que circula em Brasília relembra uma gague famosa de Mario Henrique Simonsen ao deixar a pasta do Planejamento. Simonsen referia-se a um episódio ocorrido na a“pera Scala de Milão. No palco, o tenor abria suas vísceras para dar o melhor de si. E a plateia vaiava. O tenor puxava um vendaval dos pulmões. E a plateia vaiava. Decidiu, então, retirar- se do palco. Não sem antes antecipar, com ar de vingança: “Aspetta il baritono”. Na vida real, o barítono viria a ser Delfim Netto, seu sucessor no ministério. De volta aos dias de hoje, Dilma divide-se entre retirar o mais brevemente possível seu alterego Graça Foster da presidência da Petrobras ou deixá-la no cargo por mais um tempo, não apenas como executiva, mas também e principalmente como delegada. Dilma acha que a melhor resposta do governo é investigar, vigiar e punir, conforme repetiu em toda a campanha eleitoral. Caberia a executiva repetir o mantra em seu gabinete. Depois da provação e da faxina geral na Petrobras, Graça seria conduzida a um cargo prometido, bem longe da estatal. Por essa ótica, a Petrobras estaria em um limbo, esterilizada, fora de qualquer negociação política. E Graça teria todas as cartas na mão para higienizar a companhia. A versão reve- la uma tamanha disposição presidencial ao risco que aparenta ser piada. Só que Dilma não é o tenor que sai, nem Graça o barítono que entra. Ao consenso até então reinante sobre uma troca rápida da presidente da Petrobras e seus diretores, contrapõe-se essa visão alternativa, que estaria sendo suportada por um conselho do onipresente ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. A recomendação é de que Dilma Rousseff deveria ter sua estrutura própria de acompanhamento do desenrolar dos fatos na Petrobras, algo como um shadow cabinet – expressão da moda em Brasília. Em síntese, seriam os olhos de Dilma na estatal. Não que a presidenta tenha perdido a confiança na amiga Graça Foster – é mais fácil ela convidar José Serra para a Fazenda. Mas o novo sistema ampararia “Graciosa”, que vai sofrer uma pressão brutal. Graça será simultaneamente a mais poderosa, fiscalizada e atacada presidente da Petrobras de todos os tempos. O maior conforto, lógica política, preocupação com os mercados e cuidados com a sensível situação da estatal recomendam uma limpeza ampla, geral e irrestrita no alto comando da companhia. No entanto, as duas mulheres em questão são conhecidas por escolherem caminhos pedregosos, repletos de risco e sofreguidão. Tomara que a história, do fio a meada, seja um chiste. Mas parece que não é.
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