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Dilma faz varredura nos processos das estatais

  • 10/11/2014
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Dilma Rousseff pretende aproveitar o bonde do saneamento das despesas públicas para implementar uma ampla auditoria de processos nas principais empresas estatais do país. O objetivo não revelado da varredura é evitar a repetição dos desastres ocorridos na Petrobras. A motivação a ser dita, por sua vez, é que Dilma planeja levar a ferro e fogo o discurso de campanha, ou seja, de que vai investigar e punir. Desta forma, espera não ser mais surpreendida com o vazamento de procedimentos criminosos somente apurados muito depois da consumação do dolo. Isso não significa dizer que Banco do Brasil, Caixa Econômica, as estatais do setor elétrico, entre outras, tenham incubado um serpentário similar ao da Petrobras. Mas Dilma não quer e nem pode correr o risco de que as oposições tomem a dianteira e, num ambiente politicamente conturbado, chamem para si o pedido dessas auditorias como resultado da sua suspeição. A própria Petrobras é a nascente deste rio que desaguará nas demais estatais. O Conselho de Administração da companhia já anunciou medidas similares, na esteira das supostas revelações feitas por Paulo Roberto Costa. O governo pretende avançar em relação a  auditoria convencional, que avalia tãosomente a correção das demonstrações financeiras a  luz dos padrões contábeis. A ideia é mergulhar no sistema circulatório das estatais e vasculhar todas as práticas e procedimentos realizados nestas companhias. A medida é tão elementar que o mais curioso, neste caso, não é a decisão do governo, mas, sim, o fato de que as empresas do setor público ainda não tenham adotado este tipo de conduta. A auditora de processos é uma ação absolutamente de praxe na iniciativa privada, notadamente em casos de mudanças de gestão e de controle. Ressalte-se que, no caso das estatais, há ainda outro efeito colateral positivo neste expediente. Por tabela, estes procedimentos possibilitarão um melhor azeitamento dos controles fiscais, ao permitir uma apuração mais eficiente de desperdícios e incongruências organizacionais. Essa tomografia das estatais ganha ainda mais sentido por conta do sistema político brasileiro. Com o presidencialismo de coalizão, há uma inexorável distribuição de cargos em razão de acordos partidários. Uma forma de tentar proteger essas empresas é se antecipar a  nova gestão com o mapeamento de todos os processos. Com a iniciativa, ganham as estatais, a democracia e o Brasil. Mas ganham também – e muito – as grandes empresas de auditoria internacionais, como Ernst & Young, KPMG, PwC e Deloitte, naturalmente os agentes a serem contratados para essa inspetoria.

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